Em plenária estadual, metalúrgicos da CUT-RS definem pauta de reivindicação da campanha salarial

Renata Machado (FTM-RS)
Em plenária estadual, metalúrgicos da CUT-RS definem pauta de reivindicação da campanha salarial

Além do percentual do INPC, categoria quer 3% de aumento real

Cerca de 100 dirigentes de sindicatos representantes das trabalhadoras e trabalhadores metalúrgicos de todo o Rio Grande do Sul participaram da plenária estadual da Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos do RS (FTM-RS), realizada na manhã desta terça-feira (21), no auditório da CUT-RS, em Porto Alegre. Os participantes definiram os pontos de pauta da campanha salarial 2023/2024 e a reivindicação de reajuste: aumento real de 3%, além da reposição da inflação conforme o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do período, de maio de 2022 até abril de 2023.

O encontro deu continuidade ao debate iniciado na reunião do Conselho de Sindicatos, realizada no dia 28 de fevereiro, e também teve a participação do economista da USP, João Furtado, que traçou uma análise da conjuntura econômica nacional. Ele afirmou que a crise da loja Americanas, que estourou na segunda semana do governo Lula, junto com a crise na taxa de juros do Banco Central pode impedir o governo Lula de fazer qualquer coisa. "Se o presidente Lula não conseguir evitar a propagação da crise das Americanas terminaremos o governo melancolicamente ou não terminamos", ponderou ele.

"A economia precisa ser revigorada", enfatizou Furtado. Para ele, é nítido que temos uma crise herdada do governo anterior. “Isso não é desculpa, mas precisamos de muita clareza para fazer o enfrentamento dessa crise. Questões importantes dependem da capacidade do Estado agir", garantiu.

Outro assunto debatido por Furtado foi a Reforma Tributária, que de acordo com ele, não é a reforma que queremos. "Poupa o capital e a propriedade. Aperfeiçoa um sistema existente, mas não combate as injustiças desse sistema e conforta os parasitas. A Reforma deve despenalizar o trabalho e o consumo, assim como a produção e penalizar a propriedade preguiçosa”, avaliou, destacando a importância dos trabalhadores se apropriarem desse debate.

Alta da cesta básica
Após, o economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Ricardo Franzoi falou sobre a nova faixa de isenção do Imposto de Renda, que teve a última atualização em 2015, e a perspectiva da economia para o RS, no próximo período.

De acordo com Franzoi, a estimativa da inflação para este ano, considerando a data base da campanha salarial, está em torno de 4%. "Porém, o acumulado de 12 meses da cesta básica está em 6,2%, o dobro da inflação", destacou ele ao informar que esse percentual compromete 61% do salário mínimo, que deveria ser de R$ 6.548,58, cerca de cinco vezes o mínimo atual de R$1.302,00.

"Essa estimativa é feita com base no que está previsto na Constituição para uma vida minimamente digna das pessoas”, explicou. Outro ponto de destaque foi em relação ao preço médio das refeições fora de casa. Na região sul, o custo estava em torno de R$ 39,97, em janeiro de 2023. “Trago esses dados, pois a alimentação tem sido de alto custo para os trabalhadores.”

Pauta de reivindicação
O presidente da FTM-RS, Lírio Segalla elogiou a organização da categoria. "Se tem trabalhadores de todas as regiões do estado aqui é porque vocês se sentem representados e isso é muito importante." Ele enfatizou a participação e presença crescente das mulheres na categoria e nos espaços de representação. “São passos pequenos e de longo prazo, mas que significam muito”, garantiu ele.

O tesoureiro da Federação, Milton Viário apresentou a pauta de reivindicações que já foi encaminhada aos sindicatos patronais. "Queremos começar as negociações ainda em março”, avisou.

Além da reposição das perdas inflacionárias e do aumento real, questões referentes ao vale alimentação, homologação das rescisões nos sindicatos, representação dos terceirizados e temporários pelas Convenções Coletivas da categoria, Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e garantia de acesso dos dirigentes aos locais de trabalho são alguns pontos da pauta.

"Nossa categoria está empobrecendo. Olha o reajuste da cesta básica, o custo de vida está altíssimo", salientou Milton que completou afirmando que “muitos trabalhadores da nossa categoria podem estar enfrentando restrição alimentar.”

Live – na próxima quinta-feira (30), às 19h, acontece uma live de lançamento da campanha salarial. A transmissão será através da página da FTM-RS no facebook e terá a participação do economista, João Furtado.

Fonte: FTM-RS

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