Em outubro, o país vai escolher entre a democracia, o autoritarismo e o fascismo

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Em outubro, o país vai escolher entre a democracia, o autoritarismo e o fascismo

“Como todos vocês sabem, vivemos tempos sombrios e o governo de extrema-direita de Jair Bolsonaro tem agido para destruir a nossa democracia, os direitos da classe trabalhadora e os sindicatos. Uma crise profunda e com desdobramentos políticos, sociais e também econômicos”, foi assim, de forma incisiva e direta que o secretário de Relações Internacionais da CUT Nacional, Antonio Lisboa, iniciou sua fala no XI Fórum Sindical do BRICS, realizada em formato virtual nesta quarta-feira (13).

A CUT Brasil foi indicada para falar sobre o cenário atual do Brasil e as perspectivas para as eleições presidenciais de outubro pelos representantes das demais centrais sindicais brasileiras (CSB, CTB, Força Sindical, Nova Central Sindical e UGT), disse Lisboa, que seguiu relatando a tragédia que foi a gestão do governo Bolsonaro da pandemia do novo coronavírus, a disparada da inflação, as altas taxas de desemprego e da taxa básica de juros (Selic), paralelamente à paralisia do governo que não tem programa, projetos nem propostas para resolver a caótica situação do Brasil e dos brasileiros.

“Bolsonaro não tem nenhuma política consistente de desenvolvimento e geração de empregos. Ao contrário, implementa uma gestão voltada ao receituário de privatizações, cortes orçamentários e aumento da taxa de juros”, disse Lisboa, apontando os problemas para o debate chegar as soluções, como indica o tema do encontro deste ano do BRICS Sindical: "Aprofundando a Parceria para um Futuro Melhor".

O secretário de Relações Internacionais da CUT prosseguiu sua fala detalhando situações vividas na pandemia como o boicote de Bolsonaro as medidas de restrição de cirulação para impedir a propagação da Covid-19, as declarações minimizando a tragédia e debochando da gravidade da pandemia, a propaganda de remédios sem comprovação científica no combate até as falas que colocavam em dúvida a eficácia das vacinas contra o coronavírus.

Lisboa listou o resultado “dessa atuação desastrosa”: 674 mil mortes, mais de 32 milhões de casos de Covid-19 registramos, além do agravamento da crise econômica no país.

“O Brasil é um caso raro de país com taxas de cerca dois dígitos de inflação, juros e desemprego. A inflação anual, segundo os dados oficiais atingiu 11,3% no acumulado dos últimos 12 meses. A Selic superou os 10% em fevereiro e foi elevada em junho para 13,25% ao ano – maior patamar desde 2017. Já a taxa de desemprego ficou em 9,8% no trimestre e se mantém em torno dos dois dígitos desde o final de 2015’, relatou Lisboa.

O dirigente também fez uma relação entre a inflação alta e a perda de poder de compra dos traballhadores, falou sobre a destruição dos direitos sociais e trabalhistas conquistados pelas lutas da classe trabalhadora brasileira, os cortes nos orçamentos de áreas essenciais como educação e na saúde, além da reforma da Previdência que atacou o direito à uma aposentadoria digna, privatizações e retrocessos históricos no combate ao trabalho infantil e o análogo à escravidão. 

Para completar o relato do que o governo Bolsonaro representa para o país, Antonio Lisboa falou sobre os ataques aos movimentos sociais e sindicais e o incentivo a práticas antissindicais, além de sucessivas tentativas de ataques aos direitos laborais, flexibilização da legislação ambiental e medidas que impedem a participação popular na construção de políticas, como o fechamento de conselhos de participação social.

“Além de tudo isso, não podemos deixar de registrar no âmbito do Brics, a errática política externa de Bolsonaro e o consequente isolamento do país no cenário mundial”, disse Lisboa, que encerrou analisando os ataques à democracia, aos direitos humanos e ao Estado Democrático de Direito. 

“O cenário eleitoral brasileiro – pelo menos no que se refere às pesquisas eleitorais – apontam para uma certa estabilidade, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com uma boa vantagem na liderança, seguido pelo presidente Jair Bolsonaro. Desde que teve seus processos anulados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em março de 2021, Lula passou a liderar as pesquisas eleitorais, sempre com mais de 40% do eleitorado. Bolsonaro tem ficado sempre abaixo dos 30% dos votos, sendo que a soma dos candidatos de oposição ultrapassa os 50% dos votantes”, pontuou Lisboa.

Em seu discurso veio um alerta: “Bolsonaro, assim como Trump, demostra todos os dias que não irá aceitar democraticamente uma eventual derrota nas eleições de outubro de 2022. Sem nenhuma evidência, Bolsonaro afirma publicamente que o sistema eleitoral brasileiro – baseado em Urnas Eletrônicas – pode ser e foi fraudado, e chegou a afirmar que os Ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – órgão do judiciário brasileiro responsável pelas eleições e composto também por ministros do STF – estão por trás dessas supostas fraudes. Ainda mais grave é que Bolsonaro também envolveu as Forças Armadas em seus ataques as urnas eletrônicas e ao sistema eleitoral”.

Lisboa falou ainda sobre a escalada de violência, incentiva pelo discurso de ódio de Bolsonaro, que vitimou o indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips.

“Já nesse final de semana, um bolsonarista invadiu armado uma festa de aniversário de Marcelo Arruda, um dirigente partidário do PT em Foz do Iguaçu, Paraná, com gritos de apoio a Bolsonaro e de ódio ao PT e matou Marcelo com uma série de disparos. Bolsonaro, ao comentar o caso, acusou a esquerda de ser violenta e, posteriormente, comemorou o aumento do armamento da população”, relatou o dirigente da CUT.

“Em um cenário gravíssimo como esse, apesar dos números favoráveis nas pesquisas eleitorais, os próximos meses serão decisivos e apenas a mobilização permanente e a vigilância das forças democráticas, sindicatos e movimentos sociais – assim como, a solidariedade internacional – é que irão derrotar de fato Bolsonaro e seus asseclas da extrema-direita”, afirmou Lisboa.

O dirigente destacou a solidariedade internacional que os brasileiros sempre receberam “do movimento sindical internacional e das companheiras e companheiros do Brics Sindical em particular” e citou exemplos recentes como o golpe que interrompeu o mandato da presidenta Dilma Rousseff e a perseguição da Operação Lava Jato ao ex-presidente Lula. 

“As centrais sindicais brasileiras irão continuar na luta em defesa dos direitos da classe trabalhadora com a convicção que disputa de outubro não irá apenas decidir quem governará o Brasil pelos próximos quatro anos, mas será o momento de o país escolher entre a democracia e o abismo do autoritarismo e do fascismo”, encerrou Antonio Lisboa.

O que é BRICS?

BRICS é uma sigla se refere ao Brasil, a Rússia, Índia, China e a África do Sul, que se destacaram no cenário mundial pelo rápido crescimento das suas economias em desenvolvimento.

Em 2006, na 61º Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), os presidentes do Brasil, Rússia, Índia e China decidiram dar um caráter diplomático a expressão BRIC, o que propiciou a realização de ações econômicas coletivas por parte desses países, bem como uma maior comunicação entre eles.

A partir do ano de 2011, a África do Sul também foi oficialmente incorporada ao BRIC, que passou então a se chamar BRICS, com o “S” maiúsculo no final para designar o ingresso do novo membro (o “S” vem do nome do país em Inglês: South Africa)."

 

Fonte: CUT Nacional

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