Dirigentes metalúrgicos debatem estratégia da campanha salarial
Dezenas de dirigentes sindicais de todas as regiões do estado participaram da reunião do Conselho de Sindicatos da Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos do RS (FTM-RS), na manhã desta quinta-feira (29). A estratégia da campanha salarial 2024/2025 foi o principal ponto de pauta da atividade que lotou o auditório da FETAR-RS, em Porto Alegre.
"A nossa campanha salarial terá muita mobilização e isso nasce da estratégia que debatemos aqui", declarou o presidente da FTM-RS, Lírio Segalla ao iniciar o encontro. Ao abordar a construção de uma campanha salarial unificada com os trabalhadores do ramo da alimentação e construção civil, que integram o Macrossetor da CUT-RS, Lírio ressaltou a organicidade do ramo metalúrgico.
O dirigente defendeu, ainda, que é necessário ter uma radiografia do setor e deu como exemplo a situação das máquinas agrícolas, que tem diversas empresas em lay-off. "Essa medida é mesmo necessária? Tem máquinas estrangeiras entrando no mercado?", questionou. "Por isso, esse ano, o desafio é envolver o maior número de pessoas. Precisamos estar unidos e muito mobilizados para enfrentar a agenda pesada dos patrões."
O assessor jurídico da Federação, Lauro Magnago recordou que muitas vezes as campanhas salariais lutam “apenas” para não ter retirada de direitos. "São muitos os empecilhos criados pela patronal. E vamos enfrentar uma campanha salarial em meio ao um país que está se reestruturando", ponderou o advogado do escritório Woida, Magnago, Skrebsky, Colla & Advogados Associados.
Ele também lembrou que, em anos anteriores, o movimento sindical não conseguiu incluir os trabalhadores na discussão política. "São debates importantes e talvez até mais que o econômico, pois muitas vezes o índice da inflação engana os trabalhadores. Uma inflação alta, por exemplo, acumula muitas perdas e a base não se dá conta disso”, ponderou.
As advogadas Fernanda Livi e Juliane Durão, também da assessoria jurídica, acompanharam a reunião.
Mulheres - a construção e a importância do Coletivo de Mulheres Gabi foram abordados pela vice-presidente da FTM-RS, Eliane Morfan, que enumerou as principais pautas das trabalhadoras para as negociações. "Temos inúmeros desafios na sociedade e não chão de fábrica e o nosso Coletivo fortalece os sindicatos, ao dar condições das mulheres se inserirem nas entidades e nestes debates", afirmou ela.
Representatividade - na abertura da atividade, o presidente da CNM/CUT, Loricardo de Oliveira falou da importância de o governo considerara as demandas dos trabalhadores e destacou as articulações com o governo federal, principalmente na retomada da indústria naval. "Precisamos de todos para discutir esse tema e não corrermos o risco de termos uma política industrial que não nos representa. Temos a oportunidade de fazer a nossa pauta girar e é importante usarmos a campanha salarial que tem debates importantes, como o do piso salarial e a redução da jornada para 40 horas, para isso também", disse ele.
O presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci falou das dificuldades das negociações nos mais diversos setores e garantiu que “temos presente que não haverá reconstrução do país sem a participação da classe trabalhadora." Entre os eixos políticos que estão norteando as ações da Central, como a democracia, reforma tributária, aposentados, valorização do setor público, Amarildo destacou o trabalho decente, que engloba a discussão do desenvolvimento industrial, salário digno e valorização dos sindicatos.
Encaminhamentos
Por fim, o secretário de Finanças da Federação, Milton Viário, afirmou que esta foi uma das maiores reuniões do Conselho dos últimos anos. "Precisamos ter objetivos políticos e crescer como movimento sindical, fortalecer a mobilização e estreitar as relações com a base", defendeu o dirigente ao falar da campanha salarial.
De acordo com Milton, a Federação vai se guiar pela estratégia da CUT-RS na ação unificada com o Macrossetor e nas demais agendas. Encontros nas regionais, com dirigentes e trabalhadores da base, elaboração de material, fortalecimento da comunicação e muita mobilização estão previstos para o próximo período.
No dia 21 de março será realizada a plenária estadual da FTM-RS, no auditório da CUT-RS.
Fonte: FTM-RS