Demitidos da Comil querem anulação das demissões
Em assembleia realizada nesta segunda- feira, 05, os metalúrgicos demitidos no ultimo dia 01 de setembro se manifestaram em favor da anulação das demissões.
A assembleia foi convocada pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Erechim para repassar informações sobre os fatos que sucederam à dispensa de 900 metalúrgicos da montadora de ônibus.
O principal motivo de descontentamento dos trabalhadores é o fato de que os critérios para demissão não terem sido negociados com o Sindicato e que a empresa não informou, no momento da demissão, que não pagaria as verbas rescisórias à vista. Segundo a advogada do Sindicato, Nirvania Joviatti a entidade está impossibilitada de homologar as rescisões. “A lei prevê que as verbas rescisórias devem ser pagas à vista em um determinado período. Como o parcelamento não está previsto em lei, a legislação entende que se trata de uma exceção e como tal deve ser negociada entre a empresa e o Sindicato da categoria para regulamentar as demissões”, disse a advogada.
Ministério público dá prazo até hoje ao meio dia para empresa e sindicato se manifestarem
O caso também está sendo acompanhado pelo Ministério Público do Trabalho de Passo Fundo, que reuniu representantes do Sindicato e da empresa na manhã de ontem (05). O procurador do trabalho, Roger Villarinho, deu prazo até o meio dia desta terça-feira, 6, para a Comil apresentar uma proposta para negociação, e se posicionar em relação a anulação das demissões, o sindicato estará informando a decisão dos trabalhadores em assembleia ao MPT.
Na audiência, o presidente do Sindicato, Fábio Adamczuzk, voltou a afirmar que a empresa não negociou os critérios de demissão com o Sindicato. “O representante da empresa disse na audiência que a lista dos empregados que seriam demitidos começou a ser preparada no dia 29 de agosto, no mesmo dia em que fomos comunicados que haveriam demissões e que os trabalhadores foram dispensados do trabalho por três dias. Isso confirma que a Comil simulou uma negociação com o Sindicato”. O presidente salienta que o Sindicato só iria apresentar uma proposta de critérios de demissão depois de ouvir os trabalhadores.
“Sindicato e trabalhadores estavam cientes das 850 demissões, e reuniões estavam sendo realizadas para tratar o caso. No entanto, fomos surpreendidos com as demissões sem nenhum critério logo em seguida. Entendemos que a empresa precisa demitir para manter o emprego de pelo menos metade dos contratados, mas queremos discutir os critérios”.
Os critérios que estavam sendo discutidos são: oferecer um plano de demissão voluntária; demitir primeiro os que tem outra renda; assegurar o emprego de pelo menos um membro da família no caso de várias haver várias pessoas da mesma família trabalhando na empresa; priorizar o emprego para os que estão próximos da aposentadoria e os que tem problemas de saúde.
Assembleia lotou Ginásio de Esportes. Demitidos se dizem humilhados
Mais de 550 trabalhadores compareceram à assembleia. Os do turno da noite levaram os comunicados de dispensa que estão recebendo pelo correio. Entre os demitidos, o clima é de revolta.
Humilhação é a palavra mais usada para definir o sentimento dos dispensados. Marli Basso e o marido Ederson perderam o emprego no mesmo dia. Eles trabalhavam há oito anos no setor de acabamento plástico e montagem de ar condicionado. “Temos um filho de quatro anos, o financiamento da casa para pagar e a nossa renda caiu para zero”, disse Marli.
Dulce Fuzinato também trabalhava há oito anos na empresa e diz que se sentiu humilhada com a forma como as demissões aconteceram. “Separaram a gente em grupos: os que iriam ficar de um lado e os que iriam sair de outro”.
Fonte: Sindicato dos Metalúrgicos de Erechim