Demissões Na Indústria Ampliam Desemrpego

O mercado de trabalho voltou a mostrar efeitos negativos da crise em fevereiro, mas o tombo foi menor do que o esperado. Enquanto as projeções indicavam taxa média de desemprego de 9,05%, o índice apurado pelo IBGE nas seis principais regiões metropolitanas do País registrou 8,5% no mês. É ainda um resultado superior aos 8,2% de janeiro, que causaram apreensão no mercado, mas foi a menor taxa para um mês de fevereiro desde 2003. Mesmo assim, as estatísticas apontam perda de 211 mil postos de trabalho de janeiro para fevereiro. Mais da metade deles na indústria, que amargou o seu pior resultado.
O gerente da pesquisa mensal de emprego, Cimar Azeredo, lembra que o aumento da taxa de desemprego em fevereiro em relação a janeiro ocorre tradicionalmente na série histórica do IBGE por fatores sazonais (típicos dessa época do ano). Em 2009, segundo ele, a alta de um mês para o outro foi, inclusive, menor do que a registrada em anos anteriores. Para ele, não houve variação estatisticamente significativa e esse é um dos principais pontos positivos de fevereiro. Outra boa notícia é a estabilidade (-0,1%) na renda real ante janeiro e a manutenção do aumento no rendimento (4,6%) ante igual mês do ano passado.
Há, porém, más notícias nos resultados. A pior delas, na avaliação do técnico, é a queda recorde no nível de ocupação (proporção de ocupados na população de 10 anos ou mais de idade), que nunca, desde o início da série histórica, em 2003, havia caído tanto de janeiro (52,1%) para fevereiro (51,6%). O número de ocupados nas seis regiões recuou 1% de um mês para outro, com fechamento de 211 mil vagas. "Este recuo mostra que o mercado de trabalho não está absorvendo os desocupados, o cenário econômico não é favorável e acaba não gerando postos de trabalho suficientes", disse Azeredo.
A analista da Tendências Consultoria Ariadne Vitoriano avalia que a taxa de desemprego abaixo do esperado em fevereiro - sua previsão era de uma taxa de 8,8% - não é uma notícia tão positiva. A análise é que o cenário de incertezas faz com que a taxa possa apresentar altas expressivas nos próximos meses e, por isso, a consultoria mantém projeção de desemprego de 9,5% em 2009. No ano passado, a taxa anual foi de 7,9%, a menor em seis anos.
A economista-chefe do ING Bank, Zeina Latif, também acredita que os dados de fevereiro não indicam nenhuma melhora significativa no mercado de trabalho após o susto de janeiro, mas mostram que o ritmo de demissões pode diminuir de agora em diante. Segundo ela, o desemprego deve continuar a subir, mas em ritmo ainda menor nos próximos meses.
Para os economistas do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), houve surpresas positivas no mercado de trabalho metropolitano, ainda que tenha sido inevitável uma piora nos resultados, em consequência da crise. "O quadro para o emprego pode ser interpretado como de agravamento, porém os dados favorecem expectativas de que seja bem menos intenso do que o observado nos níveis de atividade da economia, sobretudo da indústria", avaliam os técnicos da entidade em relatório.
Azeredo, destacou, como motivos de preocupação em relação à evolução do mercado de trabalho, a queda de 1,1% no número de trabalhadores com carteira assinada em fevereiro ante janeiro e a queda recorde de 3,2% na ocupação na indústria no período, o maior recuo para o mês de fevereiro no setor desde 2003. O setor industrial reduziu em 117 mil o número de trabalhadores nas seis regiões pesquisadas de um mês para o outro. A queda foi puxada pela região de Porto Alegre, onde a ocupação no setor industrial recuou 6,3% em fevereiro ante janeiro.





Fonte: jc

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