Crise Financeira Internacional

Crise Financeira Internacional
Se existe uma crise financeira internacional, quem vai pagar esta conta? Esta preocupação levou a Federação dos Metalúrgicos do Rio Grande do Sul a promover uma palestra sobre o tema na manhã de hoje, 15, reunindo a diretoria executiva e os dirigentes sindicais filiados. A palestra foi do economista do Dieese Ricardo Franzói. Para o presidente da Federação, Milton Viário “os trabalhadores não podem pagar esta conta, principalmente se envolver desemprego e redução dos direitos adquiridos”.

O objetivo fundamental segundo Milton Viário é o de conhecer o real tamanho da crise e como ela vai chegar ao setor produtivo. Esta é uma crise que não é nossa, assegura ele e, portanto, “vamos resistir para não sofrermos as conseqüências e as formas de mobilização dependerão dos sinais emitidos pela classe empresarial”.

Todos os indicativos da crise apontam para uma definição mais clara sobre o seu tamanho a partir do início de 2009. E este é mais um motivo de preocupação, pois o momento atual é de muita produtividade e horas extras, mas passado o período de Natal e Ano Novo a produção cai e na virada do ano, começam as férias e o risco de possíveis demissões. “Mas se houver demissões, haverá reação”, diz Milton.

Os trabalhadores metalúrgicos já vêm realizando paradas nas portas de fábricas em função da flexibilização do trabalho, redução dos salários diretos, formas de contrato de trabalho e pela redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais. Esta última, uma importante pauta para os trabalhadores, que já está tramitando no Congresso Nacional.

O crédito está travado nos EUA

A crise financeira internacional disparada a partir dos Estados Unidos travou o crédito e vai se refletir em todos os países, mas o Brasil não está com este problema no momento, comentou o palestrante do Dieese, Ricardo Franzói. Isto porque, diz ele, o Brasil não está com problemas de crédito, além de o Banco Central ter comprado e investido na moeda americana e hoje contar com uma reserva de 200 bilhões, o que num momento de crise, poderá significar apoio financeiro ao mercado interno.

O aumento do valor do dólar, fator mais sentido hoje, se deve a dois motivos, segundo Franzói, o primeiro ao fato de que em momentos de crise financeira, ou seja, quando está faltando dinheiro no mercado, a matriz solicita às suas filiais que façam remessas imediatas dos lucros para a sede, mesmo com sacrifícios locais e um segundo motivo, é o subprime processo através do qual as empresas importadoras vendem os dólares duas vezes, isto é, pegam emprestado o dólar que deverá entrar em no futuro e utilizam este mesmo valor nas especulações de mercado. Quando acontece uma crise fora de padrão, o cambio fica instável e muitas empresas acabam falindo.

Mas Franzói atesta que o Brasil está bem, graças ao crescimento do mercado interno, aos programas federais como o Bolsa Família, o PAC entre outros voltados para as questões sociais. No caso dos EUA, diz o economista, o grande causador da crise foi o setor imobiliário, envolvendo o pagamento de hipotecas – financiamentos a partir do valor do imóvel -, que foi utilizado de forma desmedida e gerou uma forte inadimplência, provocando uma bola de neve, principalmente diante da falta de novos créditos.

O Brasil não possui um sistema de hipotecas e vai continuar crescendo, assegura Franzói, ainda que em um patamar um pouco menor do que o esperado para 2009. Isto, “em caso de uma crise moderada, pondera, porque ainda existem muitos sinais desta crise que não apareceram”, observa.

Por isso, salienta Franzói a importância da mobilidade e da informação que os trabalhadores devem ter, para evitar que se salvem os banqueiros e a classe assalariada fique sozinha para pagar a conta. Os riscos de tudo isso? Franzói arrisca dizer que depende muito das próximas decisões a serem tomadas pelo Banco Central, que poderá optar pela redução das taxas de juros ou apostar em outra direção.

Confiança

Ricardo Franzói falou ainda, da confiança empresarial que existe em relação à moeda dólar, que tem uma imagem muito sólida, gerando um sentimento de que não haverá calote americano, e, portanto, garantindo com isso a continuidade da aplicação do dinheiro, por acreditarem que os EUA tem poder para resolver a crise.

Setor metal-mecânico

São vários os fatores que podem determinar o reflexo da crise no setor automotivo e de máquinas agrícolas, entre eles a questão do crédito, do resultado da safra, preço dos produtos, salários e outros. A DHB empresa de autopeças já anunciou a demissão de 40 trabalhadores e a GM e Ford desaqueceram a produção.

Acompanhamento

A palestra desta manhã visou preparar os dirigentes sindicais para o que poderá acontecer. A atenção e as dúvidas foram tantas, que foi sugerida a realização de novos encontros desta natureza, para acompanhamento da evolução da crise financeira internacional e os rumos que estará seguindo. “Precisamos estar preparados para enfrentar os reflexos desta crise e as tentativas de repasse da conta para os trabalhadores”, alertou Milton Viário, presidente da Federação. Um novo encontro será agendado para que os dirigentes sindicais possam voltar ao tema e observar a evolução da crise.


Fonte: Inara Claro

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