Crescimento Trimestral Adia Recessão
PRODUÇÃOMinistro Mantega projeta expansão entre 5% e 5,5% neste anoConsiderado por analistas como o ápice do crescimento do país no ano, o Produto Interno Bruto (PIB) avançou 6,8% de julho a setembro, na comparação com igual período do ano passado. Em relação ao trimestre anterior, o avanço chegou a 1,8%.
Divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB ainda não contabiliza dados do endurecimento da crise financeira global, a partir de meados de setembro. Com resultado considerados acima do esperado para o período, analistas se viram obrigados a refazer cálculos de que a retração já desembarcaria aqui no quarto trimestre.
No governo, a postura é otimista. Ao comemorar o PIB trimestral, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, projetou crescimento no último trimestre entre 3% a 3,5% em relação ao mesmo período de 2007. Segundo Mantega, o PIB deve ficar entre 5% e 5,5 % em 2008, semelhante ao desempenho do ano passado. Para o ministro, o Brasil teria condições de crescer 6% ao ano.
O IBGE evitou fazer projeções, mas informou que se a economia ficar estagnada no quarto trimestre, na comparação com o mesmo período de 2007, o país terá crescido 4,8% no ano.
– Para chegar ao crescimento de 5,7%, o mesmo de 2007, a expansão (no quarto trimestre) teria de ficar em 3,7% – informa Rebeca Palis, gerente de Contas Trimestrais do IBGE.
Nível de investimento recorde, puxado pela construção civil e bens de capital, crescimento da massa salarial e o consumo das famílias impulsionaram o PIB, que acumula alta anual recorde de 6,4%. O indicador de investimentos cresceu 19,7% no terceiro trimestre em relação a igual período do ano passado. O resultado foi recorde da série iniciada em 1996.
A expansão dos investimentos foi puxada tanto pela produção e importação de máquinas e equipamentos, quanto pelo ótimo desempenho da construção civil, de 11,7% no terceiro trimestre de 2008, ante igual período do ano passado – a maior expansão trimestral para o setor. O avanço da construção, conforme Rebeca, está relacionado ao aumento de 32,3% no crédito direcionado à habitação.
Indústria foi apontada como motor da expansão
Ainda de acordo com a especialista, mais do que o crédito, a forte expansão da massa salarial foi um dos principais impulsos para a aceleração do crescimento do PIB. Isso vitaminou o consumo das famílias, que cresceu 7,3% no terceiro trimestre, ante igual período no ano passado. A gerente de contas do IBGE fez ressalvas, no entanto. O crescimento do consumo das famílias no terceiro trimestre foi equivalente à taxa do quarto trimestre de 2007.
Com expansão de 7,1% frente a igual período de 2007, a indústria foi apontada como motor do crescimento. É o melhor resultado do setor desde o segundo trimestre de 2004, quando havia registrado elevação de 12,1%.
Na agropecuária, o aumento de 6,4% no PIB no terceiro trimestre, ante igual período do ano passado, foi puxado especialmente por cana-de-açúcar (17,4%), café (28,3%) e trigo (41,3%).
Em valores, o PIB para o terceiro trimestre somou R$ 747,3 bilhões, sendo R$ 631,5 bilhões referentes ao valor adicionado a preços básicos e R$ 115,8 bilhões aos impostos sobre produtos.
Fonte: Zero Hora de 10 de dezembro de 2008