Censo: saneamento básico cresce e melhora no país, mas 49 milhões ainda têm situação precária
Em 2022, 62,5% da população brasileira morava em domicílios conectados à rede de coleta de esgoto, bem acima do total de 2010 (52,8%) e 2000 (44,4%). Mas 24,3% (ou 49 milhões de pessoas) “ainda usavam recursos precários de esgotamento sanitário”, como fossas. Os dados são do Censo do IBGE, que fez a divulgação de resultados ao vivo, na manhã desta sexta-feira (23), em Diadema, na região do ABC paulista.
O instituto informou ainda que 82,9% estão coletados à rede geral de abastecimento de água. E a ampla maioria (84,8%) mora em casas, ainda que a opção pelos apartamentos venha crescendo. Os resultados também demonstram que as desigualdades regionais permanecem.
Coleta de esgoto
“Em 2022, 3.505 municípios brasileiros apresentavam menos da metade da população morando em domicílios com coleta de esgoto, enquanto em 2.386 municípios menos da metade dos habitantes residia em domicílios com esgotamento por rede coletora ou fossa séptica”, relata o IBGE. A maioria dos domicílios (97,8%) tinha pelo menos um banheiro de uso exclusivo. Coleta direta ou indireta de lixo atendia 90,9% da população.
Com 99%, São Paulo teve o maior teve o maior percentual de população atendida por coleta de lixo, enquanto Maranhão (69,8%) registrou a menor. Ainda assim, o Maranhão foi o estado que mais expandiu a cobertura da coleta (16,3 pontos percentuais) de 2010 a 2022.
“Entre os serviços que compõem o saneamento básico, a coleta de esgoto é o mais difícil, pois demanda uma estrutura mais cara do que os demais. O Censo 2022 reflete isso, mostrando expansão do esgotamento sanitário no Brasil, porém com uma cobertura ainda inferior à da distribuição de água e à da coleta de lixo”, observa o analista do IBGE.
Distribuição de água para 83%
A divulgação de hoje, feita em parceria com o Consórcio Intermunicipal do ABC e a prefeitura de Diadema, mostrou que a rede geral de distribuição de água aparece em 60,8 milhões de domicílios, onde residiam, em 2022, 167,5 milhões de pessoas. O total é de 82,9%, ante 81,5% em 2010. Na sequência, vêm poço profundo ou artesiano foi a segunda forma principal de abastecimento (9% da população), poço raso, freático ou cacimba (3,2%) e fonte, nascente ou mina (1,9%).
Essas quatro modalidades, que somam 96,9%, são consideradas adequadas – para fins de monitoramento – no Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab). O Censo registra ainda abastecimento por carro-pipa (1%), rios, açudes, córregos, lagos e igarapés (0,9%), e água da chuva armazenada (0,5%). “Um conjunto de 0,6% da população utilizava principalmente formas de abastecimento que não se encaixavam nas opções do questionário”, lembra o IBGE.
Peculiaridades regionais
Mais uma vez, também nesse quesito, aparecem as diferenças regionais. A rede geral de abastecimento de água chegava a 91% no Sudeste, a 76,3% no Nordeste e a 55,7% na região Norte, onde o abastecimento por poço profundo ou artesiano chegava a 24,3% por meio de poço raso, freático ou cacimba, a 11,8%.
“Já entre os municípios, há peculiaridades regionais que mudam a lógica de atendimento das formas de abastecimento de água de maneira expressiva”, observa Bruno Perez. “Em 4.753 municípios, 50% ou mais da população era abastecida principalmente por rede geral e em 5.157 municípios a rede geral era a forma principal predominante de abastecimento de água”, mostra o Censo. Mas, em 2022, o carro-pipa foi a principal forma de abastecimento em 68 municípios, todos no Nordeste.
Maioria tem água encanada
Em 69,3 milhões de domicílios, nos quais moravam 192,3 milhões de pessoas (95,1%), a água chegava encanada na residência. Para 2,5% da população, a água chegava encanada apenas até o terreno. E para outros 2,4%, não chegava encanada. Seis UFs (Paraná, São Paulo, Espírito Santo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Distrito Federal) tinham mais de 99% dos moradores com água canalizada. Por outro lado, os estados com maior presença de moradores sem água canalizada eram Amazonas (9,6%), Acre (9,6%) e Pernambuco (9,2%).
Ainda em relação ao esgoto, considerando os domicílios com rede de coleta e aqueles com rede coletora ou fossa séptica, o total soma 75,7%, ante 59,2% em 2000 e 64,5% em 2010. Nesses 12 anos, todas as UFs tiveram aumento da proporção da população morando em domicílios com coleta de esgoto ou esgotamento por rede coletora ou fossa séptica.
Quase 60 milhões em casas
Além disso, em 2022 o país tinha 171,3 milhões de pessoas morando em 59,6 milhões de casas. Os moradores de apartamentos correspondiam a 12,5%. Eram 7,6% da população em 2000 e 8,5% em 2010. Bem depois, vinha a moradia em vilas ou condomínios, representando 2,4% do total. Com participações menores, casas de cômodo ou cortiços (0,2%, 494 mil pessoas), moradia em estruturas degradadas ou inacabadas (0,04%, 81 mil pessoas) e habitações indígenas (0,03%, 52 mil).
“Essa verticalização é uma resposta ao adensamento da população dos municípios, principalmente nas áreas de região metropolitana e nos centros das cidades maiores”, afirma Bruno Perez, analista da pesquisa. Segundo ele, o aumento é nacional, mas bem mais expressivo nas grandes áreas urbanas. Assim, o maior percentual de apartamentos se concentra na região Sudeste (16,7%) e o menor, no Norte (5,2%).
Só três cidades têm mais gente em apartamento
Entre as unidades da federação, o Piauí tem a maior proporção da população residindo em casas (95,6%). E o Distrito Federal lidera entre os que residem em apartamentos (28,7%). Apenas três dos 5.570 municípios no Brasil têm predominância de moradores em apartamentos: Santos (SP, 63,4%), Balneário Camboriú (SC, 57,2%) e São Caetano do Sul (SP, 50,8%).
Destino do lixo
De acordo com o Censo, o lixo domiciliar de 7,9% das pessoas era “queimado na propriedade”. Para 0,3%, “enterrado na propriedade” e para 0,6%, simplesmente “jogado em terreno baldio, encosta ou área pública”.
“A grande cobertura nacional do serviço de coleta de lixo pode ser explicada, em parte, pelo fato de ele precisar de uma infraestrutura relativamente simples para ser feita. Ainda existe, no entanto, uma desigualdade regional significativa”, observa Bruno.
Domicílios no Brasil/2022
62,5% têm acesso à rede de coleta de esgoto
97,8% tinham pelo menos um banheiro exclusivo
90,9% tinha coleta de lixo
84,8% moravam em casas
82,9% ligados à rede geral de abastecimento de água
Fonte: Rede Brasil Atual