Cenário Requer Redução Drástica Dos Juros, Garante Pochmann

O presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Márcio Pochmann, disse que lhe causa preocupação o avanço expressivo do desemprego no País, depois do anúncio de que o fechamento de vagas formais de trabalho subiu de 319 mil em dezembro de 2007 para 654.946 em dezembro de 2008, como mostraram os dados do Caged.
Embora tenha ponderado que o quadro do mercado de trabalho sofreria influências do movimento de alta dos juros adotada pelo BC no ano passado, ele afirmou que a crise global na oferta de crédito colaborou de forma expressiva para a elevação do corte das vagas nas empresas. "A crise internacional afetou a economia real, pois boa parte das demissões foi registrada em companhias exportadoras e indústrias", comentou.
Na avaliação de Pochmann, pode ser que o mercado de trabalho comece uma trajetória de inflexão, pois apresentava um desempenho positivo em grande parte de 2008, mas a partir de novembro, quando foram cortados 40,8 mil empregos, começou a exibir resultados desfavoráveis. Esse número, somado à queda de 654.946 vagas em dezembro, representa uma queda total de 695.746 postos no último bimestre do ano passado. De janeiro a novembro, o País criou 2,1 milhões postos de trabalho, mas no ano todo de 2008 o número caiu para 1.452.204 vagas, marca 10,21% inferior aos 1.617.392 empregos gerados em 2007. O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, chegou a afirmar que o País registraria uma expansão de 2 milhões de vagas em 2008.
De acordo com Pochmann, para não permitir que a situação do emprego se agrave, é necessário que o Banco Central adote uma intensa distensão monetária a partir da próxima quarta-feira. "O número de demissões em dezembro registrado pelo Caged requer do Banco Central um corte drástico dos juros para reativar a atividade e estimular investimentos e a geração de postos de trabalho", afirmou. Ele preferiu não detalhar quanto significaria uma redução drástica da Selic. O presidente do Ipea acrescentou que o Banco Central tem espaço para reduzir os juros de forma significativa porque a inflação está controlada. "Há uma convergência dos países em defender o emprego nacional. Juros a esse patamar implicam custos de operação das empresas que muitas vezes fazem com que a demissão seja a única alternativa", disse.


Fonte: JC

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