Aumento Do Desemprego é Inevitável, Avalia Cni
O aumento do desemprego neste momento é inevitável e há pouco que o governo possa fazer em relação a isso, de acordo com economistas. "A produção está se adequando à demanda", diz o chefe da Unidade de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco. "Parte da demanda se perdeu de forma permanente. Então, as empresas fazem um ajuste no quadro de pessoal", completa ele, que defende a redução de jornada de trabalho e de salários.O diretor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), João Sabóia, acredita que os postos de trabalho temporários criados pelo aquecimento da economia antes do agravamento da crise estão perdidos e que o foco deve ser minimizar o impacto sobre o emprego formal. "O governo vem sendo bastante ativo e deve continuar, mas não vejo como não ter cortes", diz.
Segundo os especialistas, punir empresas que demitam com a suspensão de crédito de bancos públicos, como sugeriu o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, na terça-feira passada, não ajuda o quadro geral. "A gente vive em economia de mercado. Com as vendas caindo, as empresas vão demitir", raciocina o coordenador do grupo de Análises e Previsões do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Marcelo Nonnenberg.
Isso já vem acontecendo, argumenta, com base na pesquisa mensal de emprego e salário na indústria realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento mostrou redução de pessoal ocupado tanto em outubro (-0,1%) quanto em novembro (-0,6%, maior queda desde outubro de 2003). Os resultados de dezembro ainda não saíram.
Nonnenberg acredita que a tendência é piorar. "Ainda estamos começando a sentir os efeitos da crise", analisa o coordenador. "O mundo está importando menos. Então, vamos exportar menos", afirma.
Castelo Branco e Sabóia consideram possível que o quadro melhore no terceiro trimestre, normalmente o mais aquecido. O professor entende que as negociações sobre jornada de trabalho devem ser por setores, já que o impacto da crise é variável. A redução de juros é recomendada pelos especialistas, mas além de demorar para fazer efeito, também não pode ser muito grande. "O Banco Central vai reduzir o que puder. Mas não vai ser uma redução tão grande assim a ponto de afetar a atividade econômica", diz Nonnenberg.
O pesquisador do Ipea acha que o governo poderia cortar gastos correntes para aumentar investimento público. Os investimentos da Petrobras também ajudam o emprego. Mas observa que com a queda vertiginosa do preço do petróleo nos últimos meses, a estatal "vai atrasar certamente o pré-sal".
Fonte: Jornal do Comércio