Ajuda A Montadoras Dos Eua Emperra No Congresso
TURBULÊNCIA GLOBALNegociações entre a Casa Branca e o Congresso dos EUA sobre um socorro de US$ 15 bilhões às três gigantes da indústria automotiva – GM, Chrysler e Ford– emperraram em torno de desacordos sobre restruturações de longo prazo e garantias contra acréscimos futuros à ajuda governamental. No centro do impasse estão ainda críticas contra a percepção de “nacionalização” das empresas.
O presidente George W. Bush e o Congresso já concordaram a princípio com a concessão de US$ 15 bilhões em um empréstimo de curto prazo principalmente para a General Motors e Chrysler. O dinheiro viria de um fundo de apoio a inovações tecnológicas, e o Departamento do Tesouro obteria garantias para um equivalente em ações a 20% de qualquer empréstimo.
– Estamos fazendo progresso, mas não temos nenhum anúncio (de acordo) – afirmou na tarde de ontem a líder da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi.
Um dos pontos discutidos é o pedido de que as três montadoras notifiquem um “czar” apontado pelo presidente antes de realizar transações superiores a US$ 25 bilhões. Outro desacordo é sobre a exigência de que abandonem processos contra Estados que querem elevar padrões mínimos contra emissão de poluentes.
Mas o principal problema é o que acontecerá com as montadoras após os US$ 15 bilhões serem gastos. Pela proposta inicial, elas estarão aptas a pedir novos empréstimos se apresentarem até 31 de março um plano de restruturação de longo prazo que comprove sua sustentabilidade. A Casa Branca e congressistas republicanos, porém, querem aumentar as garantias exigidas das empresas antes de permitir a liberação de novos empréstimos.
– Não vai haver financiamento de longo prazo se as montadoras não provarem que podem sobreviver – disse a porta-voz da Casa Branca, Dana Perino.
– A proposta que vimos hoje não atinge nosso objetivo de proporcionar viabilidade de longo prazo para a indústria – completou Mitch McConnell, líder republicano no Senado.
Se concedido, o empréstimo incomodará ainda ao Fed. O presidente do BC dos EUA, Ben Bernanke, enviou carta ao Senado dizendo ser contrário a dar empréstimos a montadoras e sugerindo a concordata como alternativa. Bernanke também disse que seria mais prudente o Congresso analisar medidas para além da ajuda direta, entre as quais fusões de empresas assistidas pelo governo.
Se as modificações ao plano forem aprovadas nesta semana no Congresso, a GM e a Chrysler poderão receber seus cheques já no próximo dia 15. A Ford afirmou que não precisa de empréstimos de curto prazo e prefere ter uma linha de crédito com o governo. As montadoras antes pediam US$ 34 bilhões em socorro.
Fonte: Zero Hora de 10 de dezembro de 2008