Acordos Aqui, Demissões No Mundo

Enquanto sindicatos de trabalhadores no Estado negociam com empresas para evitar cortes nos empregos, o mundo foi sacudido ontem por uma leva de demissões em massa motivadas pela crise econômica global. Empresas nos Estados Unidos, Europa e Japão anunciaram o fim de mais de 70 mil postos de trabalho.

Abusca de estabilidade temporária faz trabalhadores gaúchos costurarem acordos que preveem redução de salário e jornada. Na Região Metropolitana as tratativas são com DHB, Saginaw, Gerdau e Ferrabraz Becker. Na Serra, com a Randon.

Os acordos seguem o molde do plano acertado com a GKN dia 16, quando os empregados aprovaram redução de 14,63% nos vencimento e na jornada por três meses, com previsão de recuperação de 65% a 75% dos salários (dependendo do valor) ao longo do ano. Com o entendimento, o sindicato estima ter evitado 260 demissões.

Entre as negociações encaminhadas pelo sindicato dos metalúrgicos de Porto Alegre, a mais avançada ocorre com a DHB. O presidente da entidade, Claudir Nespolo, não informa o teor, mas adianta que a proposta poderá ser votada na próxima semana, caso a empresa aceite a condição de readmitir 167 funcionários desligados em outubro assim que a turbulência passar.

Na DHB, a redução de salários e jornada seria de 16%. Nenhum representante da empresa foi encontrado para comentar o acordo.

As conversas com a Saginaw, indústria de sistemas de direção e semieixos homocinéticos do grupo Delphi, foram abertas no início de janeiro. Segundo o diretor de negócios, Jeferson de Oliveira, todas as outras medidas já foram utilizadas para preservar os empregos, como férias coletivas e readequação de turno. Nesta semana, a companhia deverá finalizar um plano de redução de jornada e, até sexta-feira, submetê-lo à aprovação do sindicato e dos cerca de 300 funcionários, informa Oliveira.

– Estamos buscando a preservação dos postos de trabalho – diz o diretor.

O sindicato de São Leopoldo recebeu na sexta-feira passada autorização dos trabalhadores, votada em assembleia, para iniciar negociações com a Gerdau. A primeira reunião foi realizada ontem e a siderúrgica confirmou negociações com sindicatos de São Leopoldo e Charqueadas para “ajustar a estrutura de suas usinas à menor demanda de aço, como flexibilização das relações trabalhistas”.

As conversas dos metalúrgicos da região de São Leopoldo estão mais adiantadas com a Ferrabraz Becker, que teria reduzido a jornada unilateralmente em 26% em duas unidades (das seis que tem na região). Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Leopoldo e Região, Loricardo de Oliveira, a medida desagradou a trabalhadores (empresa tem entre 250 a 300 funcionários nas duas unidades) e tem “riscos jurídicos”, ou seja, poderá ser contestada pelo sindicato porque foi tomada sem a concordância da categoria. A empresa preferiu não comentar a negociação.

O sindicato apresentou contraproposta de redução de salários e jornada de 10% para funcionários que ganham até R$ 1,5 mil e 13,66% para quem ganha acima disso. O acordo teria validade até o final de março. Os valores cortados serão recuperados.

Em Caxias do Sul, na Randon, os funcionários votam hoje se optam pela redução de um dia de trabalho da semana, com metade das horas pagas. Vice-presidente da empresa, Alexandre Randon ressalta que, se aprovada, a medida valerá para todos os cargos e dará um fôlego maior à empresa:

– Mesmo com um dia a menos haverá ociosidade. Mas, em momento de baixa, a empresa tem de se ajustar.

As negociações
As condições dos sindicatos da Região Metropolitana para começar as conversas:
> Apresentação de dados que comprovem que a empresa vem operando em dificuldades.
> Reposição do salário cortado, na medida que a empresa se recupere. O pagamento não é, necessariamente, no mesmo valor reduzido pelo acordo.
> Estabilidade dos empregos durante a vigência do acordo.


Fonte: Zero Hora

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