ABC: trabalhadores aprovam negociação para evitar demissões na Mercedes

Em assembleia nesta segunda-feira (22), os tra­balhadores na Mercedes aprovaram por unanimidade que o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC negocie alter­nativas para evitar demissões na montadora.

“Temos que encontrar ca­minhos na negociação e abrir espaço para suspender as de­missões feitas por telegramas de maneira inaceitável”, afirmou o secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre.

Ele fez questão de esclarecer os trabalhadores de que não há nenhum avanço nas nego­ciações com a fábrica. Ontem foi realizada nova reunião da representação com a empresa em continuidade às rodadas de sexta e do fim de semana.

“As conversas estão muito difíceis e tensas. Na sexta à tarde, a empresa sinalizou pela primeira vez que toparia rever seu posicionamento. No sábado, continuamos as conversas e saímos mais otimistas, mas no domingo a Mercedes já voltou a dificultar o processo”, contou.

“E a dificuldade está exa­tamente no ponto das demis­sões. Não aceitamos qualquer alternativa que não passe por cancelar as demissões e a fábri­ca não quer mudar seu posicio­namento”, continuou.

Sérgio Nobre explicou que o objetivo é encontrar um cami­nho semelhante aos acordos conquistados na Volks e na Ford para preservar os em­pregos.

O secretário-geral do Sindi­cato, Wagner Santana, o Wag­não, afirmou que o primeiro desafio é fazer a Mercedes mudar de ideia sobre as de­missões. “O processo tem que ser negociado para que só saia da fábrica quem quiser sair. E que a empresa trate cada um pelo nome e não pelo número de registro”, disse.

Wagnão falou sobre o acor­do aprovado na Volks no dia 2 de agosto que evitou a demis­são de 3.600 companheiros e garantiu os empregos até 2021. “Não foi fácil construir o acordo. A fábrica dizia que precisava mandar embora e conseguimos desmontar essa lógica e tirar a palavra demis­são da frente”, contou.

A proposta é negociar a sus­pensão das demissões, abrir um PDV e administrar quem a fábrica considera excedente com instrumentos como o layoff e o Programa de Proteção ao Emprego, o PPE.

“Para isso, temos que con­tinuar a fazer o que estão fa­zendo ao mostrar resistência e unidade dos trabalhadores para forçar a Mercedes a mudar seu posicionamento”, concluiu.

Na manhã de sexta, dia 19, os trabalhadores queimaram os telegramas com os avisos de demissões enviados pela montadora em ato simbólico na portaria da fábrica. “A queima dos telegramas é para a direção da empresa ver o destino que demos aos avisos enviados de maneira indigna aos trabalhadores. Não tem validade e não aceitaremos tamanho desrespeito”, afirmou o secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre.

“E que nunca mais se cometa esse tipo de violência contra a classe trabalhadora. Todo problema tem sua solução e é preciso ter vontade para encontrar caminhos de maneira negociada”, destacou.

A Mercedes começou a enviar os telegramas de demissão na segunda, dia 15, e colocou todos os companheiros na planta em licença remunerada. Na quarta, mais de sete mil metalúrgicos caminharam da Sede até a Praça da Matriz, no Centro. No dia seguinte, os trabalhadores fizeram passeata pelas ruas no entorno da fábrica até a via Anchieta contra demissões.

No dia 2 de agosto, a empresa divulgou comunicado com a intenção de demitir mais de dois mil trabalhadores considerados excedentes.

Fonte: Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

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