Quem paralisa o Brasil?

Claudir Nespolo

As elites resolveram convergir em torno de algo hediondo: travar o país agora e impedir que a presidenta Dilma governe, a fim de engatar marcha ré nos próximos dias. Quem viver verá.

Os banqueiros paralisam o Brasil quando, ávidos por lucros, optam pelo rentismo e encarecem o crédito para o consumo e a produção. O excesso de pessimismo e de denuncismo da mídia tradicional paralisa o Brasil, ao semear a ideia de que tudo que acontece ultimamente não presta.

Os empresários paralisam o Brasil, quando embarcam no golpe, em vez de construírem saídas pactuadas, que já foram testadas em países que hoje são líderes mundiais. Acometidos pelo velho complexo de viralata, acabam crescendo como rabo de cavalo, para baixo.

O Congresso Nacional, enlameado com indícios de corrupção, paralisa o Brasil quando foca apenas pautas retrógradas, mais parece com um tribunal de inquisição medieval que um parlamento republicano moderno. Certos segmentos do judiciário paralisam o Brasil, quando inviabilizam a empresa e o empreendimento, em vez de punir o empresário corruptor. Quantos empregos foram solapados e quantas obras estão pela metade com a midiática Operação Lava Jato?

A oposição partidária também paralisa o Brasil, pois, a se ver diante da quarta derrota eleitoral, apressa-se para mudar as regras do jogo, pisando na democracia e rasgando a Constituição.

Na ausência de canais para se expressar de forma equânime, os movimentos sociais recorrem ordeiramente, sempre que necessário, à ocupação de ruas para chamar a atenção da sociedade e transmitir o seu descontentamento. Neste momento, precisamos dizer aos empresários, que o retrocesso que tentarão emplacar nos direitos trabalhistas não será tolerado.

Em torno de toda essa névoa da política brasileira, esconde-se algo bastante grave. As elites querem sabotar a possibilidade de forjarmos um país mais justo e igualitário, onde jovens tenham acesso à educação, famílias à moradia, pobres a auxílio para se alimentar, mulheres a mais valorização e trabalhadores a empregos com melhores salários e direitos respeitados. Impedir que haja retrocesso é obrigação de quem defende a democracia.

 

Claudir Nespolo
Presidente da CUT-RS

FTMRS