Sindicato dos Metalúrgicos de Erechim realizou o I Encontro de Cipeiros
“Reunir um grande número de cipeiros, durante o horário de expediente, em um encontro como este já é uma conquista”. A afirmação é do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Erechim, Fábio Adamczuk durante o I Encontro de Cipeiros promovido pelo Sindicato, na última terça-feira (14). A atividade faz parte da programação do projeto +CIPA +SAÚDE lançado pelo sindicato na semana do dia 28 de abril, dia Internacional em Memória as Vitimas de Acidentes de Trabalho.
O evento aconteceu na sede social da entidade, durante todo o dia, e contou com cerca de 70 trabalhadores. Participaram metalúrgicos representantes das CIPA’s – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – das empresas Ampla, Mepel, TCA Transformações Veiculares, Triel HT, Menno, Comil, Cercena, Intecnial e Molas Carlon; além de representantes dos Sindicatos dos Bancários de Erechim, SindiSaúde de Erechim, Sindicato da Alimentação de Erechim e o Sindicato dos Metalúrgicos de Passo Fundo.
O diretor de Política Sindical da Confederação Nacional dos Metalúrgicos, Loricardo de Oliveira, foi quem abriu a programação, fazendo uma retrospectiva da criação e atuação das CIPA’s, desde o surgimento das comissões até os dias de hoje. Durante sua fala, Loricardo ressaltou que os membros da Comissão têm, dentre suas atribuições, conhecer o setor produtivo. “Vocês têm poder e devem usá-lo para melhorar, cada vez mais, as condições de trabalho. Nada se conquista sem exigir, sem lutar, e esta é uma das funções dos cipeiros”, salienta. Ele falou da importância das formações para a execução do trabalho: “o cipeiro deve estar preparado para atuar em diversas situações, tanto na prevenção, alertando a empresa sobre futuros acidentes, quanto para saber preencher adequadamente uma ata, pois ela é fundamental, é o B.O. dos principais incidentes que ocorrem dentro das empresas. Este é um dos primeiros documentos exigidos pelo Ministério do Trabalho, durante um processo trabalhista”, ressalta.
Na segunda parte da manhã, Valdir Basso, Sandra Busatta e Andrea Guella, do Centro de Referência Regional em Saúde do Trabalhador apresentaram as principais atividades desempenhadas pelo Centro que atende trabalhadores de toda a região. O CEREST, instalado há cinco anos em Erechim, conta com uma equipe interdisciplinar e atende, exclusivamente, pacientes com doenças ocupacionais ou lesões oriundas de acidentes de trabalho. Dentre os serviços executados estão: educação e formação, assistência e reabilitação, vigilância epidemiológica, vigilância dos processos e ambientes de trabalho.
Valdir Basso explica que o departamento é ainda pouco demandado por que os trabalhadores não conhecem os serviços. “Temos parcerias com prefeituras, sindicatos e algumas instituições, mas precisamos que os trabalhadores nos procurem mais, a fim de podermos ter dados, inclusive, para fins epidemiológicos”, orienta. De acordo com a enfermeira Sandra Busatta, a porta de entrada do Centro é pela UBS. “Sempre que os trabalhadores suspeitarem que sua enfermidade esteja relacionada com o trabalho que desempenham, devem solicitar o encaminhamento para o CEREST”, salienta. De acordo com a Engenheira do Trabalho, Andrea Guella, o maior problema, ainda, é a falta de notificação dos acidentes ocorridos, o que dificulta a atuação do Centro. “Em Santa Catarina o trabalho neste sentido está bem mais evoluído e as atribuições do CEREST estão dispostas em lei”, enfatizou.
Problemática das terceirizações fizeram parte dos debates da tarde
À tarde, o evento continuou com a palestra do Engenheiro de Segurança do Trabalho, Glênio Teixeira que falou sobre as normas e atribuições dos membros da CIPA. Segundo ele, na busca de soluções dos problemas internos, os empregados devem ser os primeiros a ser consultados: “eles estão no dia a dia, conhecem as limitações e principais necessidades”. Para Glênio, também é dever dos representantes da CIPA solicitar e arquivar as CAT’s – Comunicação de Acidentes de Trabalho –, além de preencher a ata em qualquer evento, por menor que seja, pois este servirá de proteção para o trabalhador.
O auditor fiscal do Ministério do Trabalho, Marcelo Naegele, encerrou o encontro falando sobre os direitos dos trabalhadores. Segundo ele, a linha mestre do Ministério de Trabalho é a proteção do trabalhador.“Para a maioria dos acidentes graves que acontecem dentro das empresas os EPI’s pouco fazem a diferença. Por isso, precisamos da ajuda dos cipeiros para evitar a incidência de acidentes fatais. Falando do ponto de vista financeiro, com cada trabalhador falecido, o Brasil queima dinheiro, já do ponto de vista social, é mais uma família sem pai ou mãe”, assinala.
Para Marcelo, a atuação dos cipeiros é extremamente necessária para prevenção, pois estes devem apontar as situações de risco, verificar os ambientes e as condições de trabalho, a fim de evitar tragédias anunciadas. “Não podemos perder a capacidade de exigir, pois segurança e saúde são direitos constitucionais. Reivindicar ao empregador as informações sobre questões que interfiram na segurança e na saúde do trabalhador é o principal dever”, enfatizou. Ainda, segundo Naegele, a maioria dos acidentes acontece com os profissionais terceirizados, o que representa um grande risco para o ser humano e também para a empresa. “No momento do acidente vai responder todo mundo, terceirizado e empresa, inclusive para os cipeiros, por não terem alertado sobre os riscos”, pondera.
Finalizando os trabalhos, os participantes foram divididos em grupos, para uma troca de experiência referente à atuação da CIPA nas fábricas.