Seminário do Macrossetor da CUT debate rumos da Indústria em semana importante

ROBERTO PARIZOTTI / CUT
Seminário do Macrossetor da CUT debate rumos da Indústria em semana importante

A última semana foi movimentada para os planos da indústria nacional e os trabalhadores já se organizam para serem protagonistas dentro dos debates sobre o assunto. Na segunda-feira (22), o governo federal anunciou a nova política industrial ao país, chamada de Nova Indústria Brasil. Na terça-feira (23) e quarta-feira (24) os sindicalistas cutistas do ramo da indústria se reuniram na sede da Central, em São Paulo, para o Seminário de Planejamento do Macrossetor da Indústria da CUT - Conjuntura e Desafios da Reindustrialização do Brasil, discutindo o novo programa do governo, entre outros assuntos. A CNM/CUT esteve presente no encontro.

Segundo o presidente da CNM/CUT, Loricardo de Oliveira, foram debatidos, com relação ao programa industrial do governo, questões como matriz energética, conteúdo local, pautas conjuntas entre os ramos industriais cutistas, entre outros temas. “Trabalhamos algumas diretrizes. Falamos, por exemplo, da redução da jornada de trabalho, desoneração da folha de pagamento, valorização do trabalho, qualificação profissional, direito a representação sindical, contratação coletiva”, enumera.

O dirigente reforça que será enviada a parlamentares em Brasília uma proposta de emenda a ser adicionada na medida provisória que trata da reoneração gradual da folha de pagamento (MP 1202/2023) que inclua contrapartidas aos trabalhadores como contratação coletiva, representação sindical, jornada reduzida de trabalho, indicação de recursos para a Previdência social e investimentos para produção industrial.

“Levamos essa proposta ao Macrossetor e depois de aprovada vamos pautar parlamentares que ela seja incluída na MP sobre desoneração. Temos muito trabalho pela frente para tocar esse debate”, afirma Loricardo.

Valorização dos sindicatos

A secretária de Políticas Sociais da CNM/CUT, Kelly Galhardo, disse que os pontos discutidos no seminário serviram para munir os sindicalistas de informações que serão debatidas posteriormente com os trabalhadores no chão de fábrica.

“Os companheiros e companheiras poderão representar seus ramos com qualidade para o debate nas empresas. Teremos também uma campanha nacional de valorização do trabalho dos sindicatos, algo que a CNM/CUT já fez no passado e que deve ser integrado ao que foi proposto”, conta Kelly.

Desoneração é disputa de narrativas

O seminário do Macrossetor Indústria da CUT foi coordenado pela presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Vestuário (CNTRV), Cida Trajano, e teve análise de conjuntura do presidente da IndustriALL Brasil, Aroaldo Oliveira da Silva, e do diretor técnico do Dieese, Fausto Augusto Júnior.

Na sua intervenção, o representante do Dieese pediu atenção aos dirigentes para a política de desoneração da folha de pagamento de determinados setores, ainda em disputa em Brasília. Ele explicou que a Medida Provisória da desoneração custa ao governo entre 18 e 20 bilhões de reais por ano, e não apresenta consistência como política de geração de emprego.

“É preciso ter cuidado para não cair na pauta do empresariado. Este governo é um governo de coalizão, com minoria no congresso. A nossa disputa é uma disputa de classe. A pauta do emprego e da renda não é das empresas. Ela é nossa. Por isso, temos que ter claro qual política defendemos para o país, do contrário os trabalhadores serão engolidos pelos industriais”, afirmou.

O economista disse que para melhorar a renda do trabalhador - estagnada há dez anos - é preciso cuidar do déficit da balança de pagamento, uma conta entre o dinheiro que o Brasil recebe do exterior e o dinheiro que remete ao exterior. O saldo negativo desta conta gira em torno de 60 bilhões de dólares.

Para equilibrar esses pagamentos o país precisa de investimento internacional e financeiro, e para melhor a renda dos trabalhadores é preciso uma indústria forte, defenderam os debatedores.

“Muita coisa é produzida fora do Brasil, então ainda que mais pessoas tenham emprego e acesso a bens duráveis, continuaremos a remeter dinheiro para fora do país. Com isso sobe o dólar, sobe o preço dos alimentos, sobe a taxa de juros, cai a renda e cai o emprego”, explicou Fausto.

Fonte: CNM/CUT com informações da CUT Nacional, TID Brasil e IndustriALL Brasil

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