Rais mostra maior qualificação no mercado de trabalho
Os dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), principal retrato do emprego formal no país, confirmaram mudanças que estão ocorrendo no mercado formal. O trabalhador está mais qualificado, a participação dos jovens e de quem está na faculdade foi a que menos cresceu e o setor publico contratou com força, ajudando a reduzir o desemprego.
Em 2013, do total de 1,489 milhão de novas vagas abertas no mercado de trabalho (crescimento de 3,14% em relação ao ano anterior), 40% foram ocupadas por trabalhadores com curso superior completo, o que equivale a 600 mil novos trabalhadores com essa qualificação. Por outro lado, foram fechados 261 mil empregos para profissionais com escolaridade inferior ao ensino médio incompleto e 22 mil vagas também deixaram de ser ocupadas para profissionais com ensino superior incompleto.
A participação de 40% das novas vagas para profissionais com nível universitário aponta uma transformação no mercado de trabalho, porque no estoque de trabalhadores, até 2012, esse grupo representava pouco menos de 18% do total.
A queda nas vagas ocupadas por profissionais com ensino superior incompleto pode estar relacionada à menor participação dos jovens de 18 a 24 anos no mercado de trabalho (16,5% em 2012, para 16,1% em 2013, quando cresceu apenas 1%, bem abaixo do crescimento médio de 3% no total).
Também cresceu bem abaixo da média o total de novas vagas ocupadas por jovens de 25 a 29 anos. Esse grupo absorveu 4,7% das vagas, bem abaixo do peso dessa faixa etária no estoque de emprego formal do país, que é de 16,2%.
Uma terceira característica - e que "combina" com as demais mudanças confirmadas pela Rais - é a expressiva participação do setor público na criação de empregos em 2013. Do total de 1,4 milhão de novas vagas, 27% foram abertas na administração pública, uma participação bastante superior ao peso desse setor do total do emprego formal do país, que é de 19%.
Regionalmente, o governo federal explica parcela expressiva desse movimento, pois o estoque de empregos na administração pública no Distrito Federal aumentou 16,7% em 2013, o equivalente a 71,4 mil novas vagas - o estoque de empregados no setor no DF passou de 426,8 mil pessoas em 2012, para 498,2 mil pessoas em 2013.
Os postos de trabalhos ocupados pela mulheres aumentaram 3,91% em 2013 na comparação com o fechamento de 2012, enquanto o dos homens cresceram 2,57%. O crescimento na remuneração média foi maior para as mulheres, 3,34%, na comparação com o aumento entre os homens (3,18%). Mas as brasileiras ganhavam R$ 2.018,48, em média, em 2013, menos que os R$ 2.375,58 recebidos pelos homens.
No detalhamento por raça, o maior aumento no nível de emprego foi entre os trabalhadores classificados como pardos (5,42%), seguido pelos pretos/negros (2,66%). A expansão para os trabalhadores brancos foi de 0,25%. O rendimento médio dos pretos/negros registrou ganho real de 4,55%, dos pardos 3,86% e dos brancos 3,76%. O salário médio dos pretos/negros, porém, correspondia a 70,12% do registrado pelos brancos em 2013.
Fonte: Denise Neumann e Lorenna Rodrigues - Valor Econômico