Qatar admite apenas 500 das 6,7 mil mortes de trabalhadores nas obras da Copa
As autoridades da Qatar, sede da Copa do Mundo de futebol, admitiram entre 400 e 500 mortes de trabalhadores imigrantes entre durante os 10 anos de construção dos sete dos oito estádios que abrigam os jogos da competição, linhas de metrô e outras obras de infraestrutura.
Este número é muito maior do que ocorreu na Copa de 2018 na Rússia, com 21 mortes provocadas, principalmente, pelo frio extremo e quedas de elevador. No Brasil, em 2014, o torneio deixou um saldo de nove trabalhadores mortos por acidentes, como atropelamentos e quedas de grandes alturas.
O número de mortes admitidas pelo governo do Qatar é infinitamente menor do que apurou o jornal inglês The Guardian, que levantou que cerca de 6,7 mil trabalhadores, em sua grande maioria estrangeiros, morreram durante as obras de construção dos estádios.
As centenas de mortes foram finalmente admitidas pelo secretário-geral do Comitê Supremo de Entrega e Legado do Qatar, Hassan Al-Thawadi, que disse ao jornalista britânico Piers Morgan, nesta terça-feira (29), que "entre 400 e 500" trabalhadores imigrantes morreram. Anteriormente as autoridades do país admitiam apenas 50 vítimas fatais na construção das obras da Copa deste ano.
Apesar dos mais de US$ 200 bilhões (R$ 1,06 trilhão) gastos em estádios, linhas de metrô e outras necessidades de infraestrutura, a Fifa, organizadora do torneio e as autoridades do Qatar, chefiada com mão de ferro pelo regime de extrema direita da dinastia Al Thani, se recusam até o momento em pagar uma indenização às famílias dos trabalhadores mortos, pedida em junho deste ano pela Anistia Internacional.
A entidade de direitos humanos defende que a Fifa reservasse para indenização, os mesmos US$ 440 milhões (R$ 2,1 bilhões) que as 32 seleções que disputam a Copa vão receber.
"A Fifa e o Qatar não protegeram os trabalhadores migrantes, essenciais para a Copa do Mundo de 2022, mas podem agir para indenizar aqueles que foram gravemente afetados e as famílias dos muitos que morreram", afirmou Minky Worden, diretora de iniciativas globais da Human Rights Watch, outra entidade que patrocina o relatório.
Fonte: CUT Nacional com informações da Folha de SP