Oficina da CUT-RS no FSM defende industrialização e trabalho decente

Divulgação CUT-RS
Oficina da CUT-RS no FSM defende industrialização e trabalho decente

A Ford anunciou o fechamento de suas fábricas no território brasileiro. A perda prevista é de 7 mil empregos diretos e o Dieese calcula que mais de 119 mil postos de trabalho serão impactados e perdidos. Além disso, outras indústrias também encerraram sua produção no país. Isso amplia o processo de desindustrialização.

A pandemia, iniciada em 2020, também trouxe transformações para o mundo do trabalho. O isolamento social obrigou muitos trabalhadores a aderirem ao home office, fazendo com que o uso das tecnologias fosse mais acentuado.

Para analisar essas mudanças latentes no mundo do trabalho, a CUT-RS promoveu a oficina “O futuro do trabalho”, nesta segunda-feira (25), através do Facebook. A atividade fez parte da programação do Fórum Social Mundial (FSM), que está sendo realizado de forma virtual.

O debate contou com a participação de Rafael Marques, ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e coordenador do Instituto Trabalho, Indústria e Desenvolvimento (TID) do Macrossetor da Indústria da CUT, e de Nelsa Nespolo, presidenta da Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários (Unisol-RS), da Cooperativa de Costureiras Unidas Venceremos (Univens) e da Cooperativa Central Justa Trama, de Porto Alegre. O mediador foi Claudir Nespolo, secretário de Organização e Política Sindical da CUT-RS.

Home office e trabalho na pandemia

A oficina observou quais são as tendências envolvendo os modos de produção no Brasil. “A pandemia, em relação ao trabalho, trouxe novidades e acelerou tendências, como o home office, as ferramentas de comunicação e de formação. O isolamento social trouxe a possibilidade de fazer um debate, como esse, com companheiros de outros estados de forma on-line”, afirmou Rafael.

Além disso, ele também pontuou que a tecnologia avançou a partir do trabalho remoto. “Quem fez home office, está preferindo continuar trabalhando assim. Estamos tendo um crescimento econômico nas tecnologias e a pandemia deixa uma aceleração de certos modelos laborais que não voltarão à fase anterior”, completou.

Desindustrialização e o Brasil

“A desindustrialização no Brasil pode virar tendência e a nossa preocupação como dirigente sindical tem que aumentar, quando uma montadora como a Ford decide deixar o mercado brasileiro”, apontou Rafael. Para ele, o Brasil não pode abrir mão da indústria porque precisa gerar emprego para a população.

O coordenador do Instituto TID ainda pontuou que o setor industrial é o que mais arrecada e gera valor para o país. “A cada R$ 1,00 gerado na indústria, R$ 2,40 são gerados na economia, enquanto que no setor de serviços RS 1,00 gerado promove R$ 1,60 na economia. O comércio depende da indústria. O setor de serviços depende da indústria. Ela movimenta o mercado, gera empregos diretos, indiretos e derivados”, salientou.

Para Nespolo, o Brasil corre o risco de virar um “fazendão”. “Temos notícias de que 2020 foi o ano em que mais se exportou gado vivo para o exterior. Decidiram que é mais barato importar o animal antes do abate”, ressaltou.

Outras alternativas de trabalho

Segundo Nelsa, outras relações de trabalho onde as pessoas se sintam felizes e realizadas são possíveis. "Posso dar meu testemunho, a partir da minha experiência com a Economia Solidária. Nosso olhar tem que ser para garantir postos de trabalho. Um trabalho decente e digno, que as pessoas se realizem no que estão fazendo”, disse.

“Temos que pensar esse mundo a partir de uma proposta diferenciada. É viável desenvolver um modelo que promova o desenvolvimento local, agregando tecnologia para que a comunidade se insira no processo de divisão de riqueza”, defendeu.

Luta política se faz urgente

Para Rafael, a luta política se impõe e se faz urgente. “Primeiro temos que derrotar Bolsonaro e a forma como ele está conduzindo o país. Não podemos negar a derrota política que vivemos no Brasil. O mundo passa por um refluxo importante. Precisamos voltar a ter o trabalhismo como uma ideia predominante na sociedade. Hoje o que predomina é o empreendedorismo patronal”, alertou.

“Temos que dialogar com o empreendedor. No entanto, um trabalhador com 20 anos de fábrica que decide abrir um mercado não deixa de ser um trabalhador. Temos que manter o vínculo, dialogar, construir novas filiações sindicais, inovar na pauta, construir novos relacionamentos, amplificar a relação e reinventar as entidades tradicionais”, concluiu.

Fonte: CUT-RS

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