No governo Bolsonaro, quem perde renda são os mais pobres
Estudo do Ipea mostra que, nos dois últimos trimestres, houve queda nos rendimentos justamente entre quem ganha menos
Estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que a faixa de renda dos brasileiros mais pobres foi a única que perdeu rendimento durante o governo Bolsonaro. Segundo os dados, 51,8% dos mais pobres não tiveram ou perderam rendimentos nos primeiros três trimestres do ano.
Os dados do Ipea são cruzados com a base da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua, do IBGE. Nos dois últimos trimestres, houve registro de queda nos rendimentos entre os mais pobres, de 1,43% e 0,34%, respectivamente. Neste ano, a queda somada é de 1,67%.
Comparado com a estagnação, chama a atenção o outro lado da sociedade. Dividida entre seis faixas, a classe média da faixa quatro, que possui renda entre R$ 4,1 mil e R$ 8,2 mil por domicílio, teve alta de 13,1% nos nove primeiros meses do ano.
Nas outras faixas de classe houve melhora no rendimento. A faixa cinco, de quem possui renda entre R$ 8,2 mil e R$ 16,4 mil, teve aumento de 7,8% nos três trimestres. Segundo a pesquisa, entre julho e setembro a renda domiciliar do trabalho da faixa de renda alta era 30,5 vezes maior que a da faixa de renda muito baixa, que reúne quase 30% (29,6%) dos domicílios brasileiros – com renda mensal de até R$ 1.643,78.
Em entrevista ao portal UOL, a pesquisadora do Ipea Maria Andreia Parente Lameiras explica que a perda dos mais pobres ocorreu porque houve ganhos nominais abaixo das outras. “Quando você olha outro dado, da inflação por faixa, vê que é entre os mais pobres que foi ela maior em 2019. Além de reajustes menores, a inflação acabou corroendo mais o salário porque houve muitos aumentos de preços no alimento, na energia, coisas que são mais pesadas para os mais pobres.”
Fonte: Rede Brasil Atual com informações do UOL