Mulheres dirigentes enfrentam inúmeros desafios no movimento sindical metalúrgico

Rafaela Amaral (STIMMMEC)
Mulheres dirigentes enfrentam inúmeros desafios no movimento sindical metalúrgico

Mesmo com um número cada vez maior de mulheres atuando na indústria, o setor metalúrgico ainda é formado majoritariamente por trabalhadores homens. Essa realidade reflete nas direções dos sindicatos, representantes da categoria, através da dificuldade em encontrar trabalhadoras dispostas a integrarem chapas e quando elas passam a compor direções sindicais, enfrentam outros desafios.

Atual direção da FTM-RS



Muitas trabalhadoras acabam não terminando gestões por conta do acúmulo de tarefas e inúmeras jornadas que as mulheres exercem, se desdobrando em trabalho, cuidados com a família e a casa, muitas vezes, elas também são estudantes e há o trabalho sindical. Além disso, enfrentam o machismo dentro do local de trabalho e muitas vezes, na própria entidade sindical.

Atualmente, a Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos do Rio Grande do Sul (FTM-RS) tem vice-presidenta a metalúrgica Eliane Morfan, que está e no seu segundo mandato e nunca uma trabalhadora metalúrgica havia ocupado esse cargo. Desde 2020, Eliane tem trabalhado no fortalecimento e ampliação do Coletivo Gabi de Mulheres Metalúrgicas. “Na base metalúrgica temos várias diretoras mulheres que representam a categoria. Mas ainda temos poucas mulheres nas diretorias executivas”, conta ela.

Posse da Elisandra, em 2024


Dos 29 sindicatos filiados à FTM-RS, apenas dois tem mulheres na presidência. Pioneira, a metalúrgica Elisandra de Almeida tomou posse como presidenta do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Passo Fundo e Região ano passado. E recentemente, o Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos Erechim e Região elegeu Sandra Weishaupt, que toma posse no próximo dia 15. 

“São conquistas muito recentes e nós temos bastante dificuldade para chegar em uma cadeira como Elisandra e a Sandra”, pondera Eliane ao ressaltar que o trabalho das mulheres dirigentes sindicais, geralmente, é silencioso, não aparece ou ainda não é reconhecido, não importa o quanto faça bem. “É muito importante divulgarmos o trabalho que as mulheres vêm fazendo, inclusive o trabalho da primeira mulher presidenta a estar frente uma entidade tão importante como presidenta Elisandra, assim como divulgar o trabalho que a Sandra fará.”

Sandra toma posse dia 15 de março
 

“Nós, mulheres, temos muita dificuldade de chegar nos espaços percebemos que para o homem é bem mais fácil aparecer o trabalho dele, basta dizer qualquer coisa. A mulher pode fazer um trabalho com maior qualidade possível que não aparece bom. Infelizmente, é o padrão do sistema do patriarcal que vivemos”, acredita. 

A dirigente destaca a importância das trabalhadoras terem cada vez mais espaços nas direções sindicais. “Sabemos da necessidade de ocuparmos o meio sindical. Nos últimos anos, a presença das mulheres aumentou e com isso, a luta pelas reivindicações específicas ganharam mais força” conta.

Eliane numa reunião do Coletivo Gabi

Nos próximos dias, a FTM-RS publicará matérias específicas com as presidentas Elisandra Antunes e Sandra Weishaupt.

 

Fonte: FTM-RS

Foto de capa: Rafaela Amaral (STIMMMEC)

Demais fotos: Acervo FTM-RS

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