Metalúrgicas do RS marcam presença na Marcha das Margaridas

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Metalúrgicas do RS marcam presença na Marcha das Margaridas

Reunindo 100 mil mulheres em Brasília, atividade teve como tema “Pela reconstrução do Brasil e pelo bem viver”

Mais de 100 mil mulheres brasileiras do campo, da floresta, das águas e das cidades, além de representantes de 33 países, participaram esta semana da 7ª Marcha das Margaridas, em Brasília. Entre elas, trabalhadoras metalúrgicas da base da Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos do RS (FTM-RS). Coordenado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), a marcha acontece a cada quatro anos e é a maior ação política de mulheres da América Latina.

Participando da Marcha pela primeira vez, a vice-presidente da FTM-RS, Eliane Morfan agradeceu a oportunidade de estar presente neste evento que dá voz sobre temas que favorecem a vida das mulheres, de todos as idades e de todos os lugares do país. “Estou saindo daqui com muita energia e feliz de poder representar todas as mulheres metalúrgicas que não puderem estar presente aqui em Brasília.”

A dirigente destacou ainda o esforço de cada mulher que ajudou na campanha para eleger o presidente Lula. “Tivemos o resultado aqui e agora de como valeu o esforço de ter que ter entrado em cada canto deste Brasil eleger o nosso querido presidente, que não mediu esforços pra receber as Margaridas e as reivindicações. Ali pudemos ver e sentir o quanto nosso trabalho não foi em vão”, garantiu Eliane. 

Segundo ela, a Marcha das Margaridas possibilita um encontro muito potente de diversidade de mulheres que a partir de seus territórios e em defesa deles, assim como de seus direitos e suas próprias vidas, vão garantindo as condições para construir outros horizontes. “As místicas presentes na Marcha transmitem o quanto nós, mulheres, temos que estar unidas, que é o que dá sentido pra nossa luta. E compreendemos que é a nossa organização coletiva que transforma o mundo, vem transformando e transformará. E que isso que nós mulheres, mães, trabalhadoras, queremos deixar em compromisso com as próximas gerações para que a organização de classe não se perca”, enfatizou. 

Para Eliane, é através dessa organização que direitos históricos foram conquistados e é preciso relembrar as nossas conquistas, porque todos direitos que as mulheres e o conjunto da classe trabalhadora tem, vieram da luta. “Com Bolsonaro a CLT, por exemplo, foi gravemente atacada e precisamos reverter esse cenário. Temos esperança que Lula possa olhar para a legislação trabalhista a partir das nossas demandas. É nessa coletividade, tão representada pela Marcha das Margaridas, que damos sentido para que as novas Margaridas que estão surgindo sejam as sementes de um novo amanhã: justo, solidário e de bem viver”, concluiu ela.

Pautas

As principais demandas reivindicadas este ano pelas "margaridas" estão divididas em 13 eixos políticos que foram debatidos nos dois dias do evento. Confira:

- Democracia participativa e soberania popular;

- Poder e participação política das mulheres;

- Vida livre de todas as formas de violência, sem racismo e sem sexismo;

- Autonomia e liberdade das mulheres sobre o seu corpo e a sua sexualidade;

- Proteção da natureza com justiça ambiental e climática;

- Autodeterminação dos povos, com soberania alimentar, hídrica e energética;

- Democratização do acesso à terra e garantia dos direitos territoriais e dos maretórios;

- Direito de acesso e uso da biodiversidade, defesa dos bens comuns;

- Vida saudável com agroecologia e segurança alimentar e nutricional;

- Autonomia econômica, inclusão produtiva, trabalho e renda;

- Saúde, Previdência e Assistência Social pública, universal e solidária;

- Educação Pública não sexista e antirracista e direito à educação do e no campo;

- Universalização do acesso à internet e inclusão digital.

Quais as conquistas da Marcha das Margaridas

Criação do Programa Quintais Produtivos das Mulheres Rurais; 

Estímulo às mulheres trabalhadoras com a presença delas no Programa de Reforma Agrária; 

Comissão Nacional de Enfrentamento à Violência no Campo;

Plano Nacional de Juventude e Sucessão Rural; entre outras, ou seja, um conjunto de políticas de apoio;

Assistência Técnica e Extensão Rural e o apoio aos produtores de leite. 

Programa Quintais Produtivos para promover a segurança alimentar e nutricional de mulheres rurais;

Seleção de famílias e retomada da reforma agrária, com bônus para famílias chefiadas por mulheres no processo de seleção para ter acesso à terra; 

Comissão de enfrentamento à violência no campo; 

Grupo de trabalho interministerial para o Plano de Juventude e Sucessão Rural, destinado a oferecer serviços públicos para a população jovem da agricultura familiar e ampliação das oportunidades de trabalho e renda para esse público;

Programa Nacional de Cidadania Bem Viver para as Mulheres Rurais, para retomada de programa nacional de documentação da trabalhadora rural;

Pacto Nacional de Prevenção aos Feminicídios;

Retomada da Política Nacional para os Trabalhadores Empregados, para fortalecer os direitos sociais desses operários; e

 Retoma o Programa Bolsa Verde, que faz pagamentos a famílias de baixa renda inseridas em áreas protegidas ambientalmente.

Inspiração

Desde 2000, o nome da marcha é uma homenagem a Margarida Maria Alves, ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, na Paraíba. Ela foi assassinada em 12 de agosto de 1983, devido à luta pelos direitos da categoria. Desde então, a liderança se tornou símbolo da resistência de milhares de homens e mulheres que buscam justiça e dignidade. Latifundiários da região são suspeitos do homicídio. Mas, até hoje, o crime segue sem solução e os mandantes não foram condenados.

 

Fonte: FTM-RS com informações da Contag

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