Mais de 700 mil empresas encerraram atividades na pandemia. Quase todas de pequeno porte
Perto de 18% das empresas brasileiras, ou 716,4 mil, encerraram atividades no período da pandemia – nem todas diretamente devido à crise –, aponta levantamento divulgado nesta quinta-feira (16) pelo IBGE. De um total de 4 milhões de empresas na primeira quinzena do mês passado, 2,7 milhões (67,4%) estavam em funcionamento total ou parcial e 610,3 mil (15%) fechadas temporariamente. A crise atinge, basicamente, as de pequeno porte: 99,8% do total. Segundo o instituto, muitas reportaram dificuldade de se manter mesmo antes da pandemia.
“Os dados sinalizam que a covid-19 impactou mais fortemente segmentos que, para a realização de suas atividades, não podem prescindir do contato pessoal, têm baixa produtividade e são intensivos em trabalho, como os serviços prestados às famílias”, diz Alessandro Pinheiro, coordenador de Pesquisas Estruturais e Especiais em Empresas do IBGE. Entre os segmentos, ele destaca bares e restaurantes, hospedagem e construção.
Entre as 1,3 milhão de empresas com atividades encerradas temporária ou definitivamente na primeira quinzena de junho, 39,4% apontaram as restrições provocadas pela pandemia como causa. A proporção foi um pouco maior (40,9%) no comércio do que nos serviços (39,4%), na construção (37%) e na área industrial (35,1%). E 552,7 mil fecharam de vez por causa da pandemia, sendo 99,2% de pequeno porte (até 49 empregados).
Setores
A maioria, 70%, relatou impacto negativo em razão da crise sanitária. Essa também foi a proporção da queda nas vendas ou nos serviços prestados. E 35% reduziram mão de obra.
Entre os setores atingidos, a maior parte das empresas definitivamente fechadas devido à crise (46,7%, ou 334,3 mil) se concentra no de serviços. O comércio representa 36,5% do total, ou 261,6 mil. Depois vêm a construção (9,6%, ou 68,7%) e a indústria (7,2%, ou 51,7 mil).
Demissões
De acordo com a pesquisa Pulso Empresa: Impacto da Covid-19 nas Empresas, cujos resultados iniciais são divulgados hoje pelo IBGE, 61,2% das empresas pesquisadas informaram ter mantido o número de funcionários em relação ao início de março. Mas quase 950 mil (34,6% do total) fizeram cortes, enquanto 3,8% disseram ter feito contratações.
Das 948,8 mil que diminuíram mão de obra, 37,6% demitiram até 25% dos funcionários. Quase um terço (32,4%) dispensaram de 26% até 50%. E 29,7% cortaram mais da metade dos empregados.
Segundo a pesquisa, 70,7% das empresas em funcionamento apontaram queda nas vendas ou nos serviços em relação ao movimento registrado em março. Outras 17,9% disseram ter registrado efeito pequeno ou inexistente. E 10,6% relataram aumento nas vendas.
Queda nas vendas
A retração na primeira metade de junho foi sentida mais pelas companhias de pequeno porte: 70,9% tiveram diminuição das vendas, ante 62,9% das intermediárias e 58,7% das grandes. Entre os setores de atividade, os resultados são relativamente próximos: recuo de 73,1% na construção, 71,9% nos serviços, 70,8% no comércio e 65,3% na indústria.
De acordo com o IBGE, 63% das companhias citaram dificuldade de fabricar produtos ou de atender clientes, enquanto 60,8% encontraram problemas no acesso aos fornecedores e 63,7% enfrentaram obstáculos para realizar pagamentos de rotina.
O IBGE estima em 1,2 milhão (44,5% do total) de empresas em funcionamento que adiaram o pagamento de impostos desde março. Pouco mais da metade (51,9%) considerou ter recebido apoio do governo nessa questão. Foram 347,7 mil (12,7%) as que conseguiram crédito emergencial para pagamento da folha. Um terço alterou o método de entrega de produtos ou serviços, o que inclui mudança para atendimento on-line.
Mais de 91% adotaram medidas adicionais de higiene e fizeram campanhas de informação e prevenção. E 38,4% adotaram medidas relacionadas ao teletrabalho, enquanto 35,6% anteciparam férias dos funcionários.
O instituto divulgará dados quinzenalmente. Essas informações ficarão disponíveis no site covid19.ibge.gov.br.
Fonte: Rede Brasil Atual