Luta Da Cut E Dos Movimentos Sociais Pela Reforma Agrária Garante Mst Na Mobilização Desta Quarta

Mesa do Fórum Agrário
Luta Da Cut E Dos Movimentos Sociais Pela Reforma Agrária Garante Mst Na Mobilização Desta Quarta
O auditório Nereu Ramos da Câmara dos Deputados esteve absolutamente lotado de militantes sociais, sindicalistas e trabalhadores do campo e da cidade, que lá estiveram na tarde de terça, dia 10 de novembro, para uma audiência pública e um grande ato de apoio ao MST, à luta pela reforma agrária, aos direitos sociais e, de quebra, uma grande manifestação de repúdio à CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) aberta pelo PSDB e pelo DEMo contra o movimento dos trabalhadores rurais sem-terra.

O ato foi promovido pelo Fórum Nacional da Reforma Agrária e Justiça no Campo, CUT e Coordenação dos Movimentos Sociais.

A audiência/ato teve grande presença da CUT, que levou aproximadamente 300 militantes e dirigentes ao auditório, todos com camisetas e bonés da Central. A CUT foi a central sindical que trouxe para a pauta da 6ª Marcha da Classe Trabalhadora a reivindicação de atualização do índice de produtividade da terra, de aprovação da PEC do trabalho escravo e da criação de um limite de propriedade da terra, três instrumentos que ajudam a impulsionar a reforma agrária. Esse posicionamento da CUT foi essencial para que o MST confirmasse, pela primeira vez, participação na Marcha promovida unitariamente pelas centrais sindicais.

O secretário-geral da CUT, Quintino Severo, ao falar na tribuna, estabeleceu um paralelo entre o combate ao latifúndio e a redução da jornada de trabalho pleiteada pelo movimento sindical. "Faz 21 anos que houve, pela última vez, redução da jornada no Brasil. De lá pra cá, houve um aumento absurdo da produtividade, e esse resultado não foi repartido minimamente com os trabalhadores. O mesmo acontece com a produtividade da terra, que apesar de ter crescido enormemente, continua sendo medida a partir de critérios de 1975", afirmou Quintino.

O dirigente também alertou que o ataque hoje sofrido pelo MST pode ser estendido a qualquer organização popular. "Toda essa reação é porque eles sabem de nossa capacidade de organização, e tem medo de nós", afirmou.

Estiveram presentes ao ato político parlamentares de partidos de esquerda, a maioria do PT, e a CUT, MST, Comissão Pastoral da Terra, Contag, Fetraf e diversos movimentos do campo.
Uma das coordenadoras do Fórum da Reforma Agrária e integrante do MST, Marina Santos, declarou: "Este é um dos mais belos encontros que já vi aqui nesta casa e em outros lugares. Essa unidade dos movimentos populares e sociais é de uma grandeza, pela representatividade, contra os setores atrasados que combatem diretamente os direitos dos trabalhadores, articulados com o grande capital, a grande mídia, Poder Judiciário e setores reacionários aqui no Congresso", disparou.

Durante a audiência, os presentes foram informados que a senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) vai integrar a CPMI como membro titular. "É uma CPI totalmente ideologizada. A oposição precisava de uma bandeira para condenar todos os movimentos sociais. É uma CPI absurda. Já realizamos aqui a CPI da Terra, que escarafunchou, quebrou sigilo e investigou tudo em relação ao MST e outros movimentos sociais e não encontrou irregularidades, nenhum roubo ou desvio. Pra que fazer outra?", questionou a senadora.

Elisângela dos Santos Araújo, da Executiva da CUT e da Fetraf, exaltou a unidade demonstrada no ato político. "Isso é a compreensão de que, apesar de diferenças de concepção, somos aqueles que querem mudar a sociedade, que buscam uma sociedade socialista. Devemos sempre manifestar o orgulho de sermos o que somos", disse.

Durante as falas, foi lembrado que o movimento pela reforma agrária já foi alvo de três comissões parlamentares de inquérito nos últimos sete anos. "E ficou claro que o movimento nunca desviou dinheiro para o bolso de dirigentes, que os recursos são usados para projetos de inclusão social. Não somos ladrões", afirmou o deputado Assis do Couto (PT-PR).

Antes disso, Assis relembrou os resultados positivos da agricultura familiar, trazidos pelo mais recente Censo Agropecuário do IBGE. "É isso que a reforma agrária produz: propriedades familiares que garantem a soberania alimentar do povo, renda para os trabalhadores e pujança econômica".

O ato também lembrou que nos últimos 20 anos mais de 1500 trabalhadores rurais foram assassinados no Brasil, sendo que apenas 75% dos casos foram a julgamento e, destes, apenas a metade resultou em condenações.

Dirceu Fumagali, da CPT e do Fórum, deu o tom para o encerramento do ato: "Se queremos mesmo ser um país soberano, temos de passar pela estreita porta da reforma agrária. Quero dizer que frágeis são os latifundiários, pois eles têm pés de barro, apesar de todo o tamanho: não produzem, não empregam, não educam, não alimentam".

Carmem Helena Foro, secretária de Meio Ambiente da CUT Nacional, comentou: "Tenho certeza que para este momento conjuntural os movimentos do campo têm de fazer manifestações unitárias, construir uma proposta mais ampla rumo à reforma agrária e ao fortalecimento da agricultura familiar. E a CUT já tem feito isso, tem puxado este movimento há muito tempo".




Fonte: Isaías Dalle

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