Indústrias investem mais de R$ 2,3 bilhões no Estado

 

A chegada de multinacionais e o fortalecimento do polo naval ajudarão o Rio Grande do Sul a tirar do papel R$ 2,34 bilhões em investimentos em 2014. Parados há mais de um ano, projetos poderão deslanchar com a liberação de licenças.

Localizados principalmente em São Leopoldo e Charqueadas, as inaugurações irão gerar pelo menos mil empregos diretos (como parte das empresas não divulga a quantidade de vagas, não há um número exato). Os mais vultosos são da indústria de máquinas Sthil, que amplia seu parque industrial, e da Vinema, que pretende inaugurar seis usinas de etanol em diferentes municípios.

Essas obras movimentam a economia dos municípios: fabricantes locais ganham mais dinheiro com o fornecimento de insumos e máquinas, e prestadores de serviços contratam mais gente para atender à nova demanda. Ainda que as construções tenham incentivos fiscais, há incremento na arrecadação de impostos em razão dos negócios indiretos. Algumas companhias trarão tecnologia nova ao Estado, caso da fabricante de elevadores sul-coreana Hyundai e da alemã Lanxess, que converterá sua produção de borracha para uma alternativa mais sustentável.

— São investimentos positivos para o Estado, e poderemos ter mais novidades nos primeiros meses de 2014 — explica o secretário de Desenvolvimento Mauro Knijnik.

Poderão ser chinesas as próximas companhias a desembarcar no Rio Grande do Sul, afirma Knijnik. O Estado negocia com fabricantes de caminhões e autopeças da China para erguerem uma fábrica em território gaúcho. Se um acordo for fechado nos primeiros meses, a inauguração poderia ocorrer até dezembro. Da Ucrânia, poderá desembarcar um sócio para o polo espacial gaúcho.

— Há possibilidade da chegada de companhias carboquímicas (que fazem produtos químicos a partir do carvão), mas essas inaugurariam mais adiante — adianta Knijnik.

Alguns aportes protelados também têm chances de sair do papel nos próximos 12 meses, caso de Iesa e Metasa. Após enfrentarem problemas para obter os licenciamentos em 2013, as companhias desembaraçaram as pendências nas últimas semanas e poderão começar a fabricar estruturas para a indústria naval, afirma o secretário.

Previstos para inaugurar

Total: R$ 979,4 milhões

Farina

R$ 100 milhões em fábrica de implementos rodoviários na Serra.

Empresa já obteve incentivos e deve iniciar obras. Não revela em qual município.

Lanxess

R$ 200 milhões na conversão de planta de borracha em Triunfo.

Multinacional alemã mantém previsão para abrir em 2014.

SAP

R$ 101 milhões na ampliação da unidade e instalação de um centro de serviços que desenvolve softwares em São Leopoldo.

Após inaugurar um novo prédio, empresa pode concluir laboratório neste ano.

Stihl

R$ 518,5 milhões para ampliar fábrica de equipamentos em São Leopoldo.

Última etapa do projeto deve ser concluída neste ano.

Atrasaram, mas podem sair neste ano

Total: R$ 1,365 bilhão

Vinema

R$ 720 milhões na construção de seis usinas de etanol, em diferentes municípios.

Projeto deveria iniciar em maio, mas nenhuma prefeitura conseguiu oferecer terreno. Negociações teriam avançado nos últimos meses.

Innova

R$ 425 milhões na duplicação da planta em Triunfo

Agendada para o ano passado, duplicação atrasou em razão de mudança no controle. Novos administradores teriam se comprometido com o investimento.

Iesa

R$ 100 milhões em fábrica de módulos para plataformas navais em Charqueadas.

Começaria a funcionar em dezembro de 2012, mas precisou buscar novos licenciamentos.

Metasa

R$ 120 milhões em fábrica de estruturas metálicas em Charqueadas.

Deveria ter inaugurado no ano passado, mas houve problemas em licenciamentos. Conseguiu em dezembro.

Sem prazo

Total: R$ 530 milhões

Shiyan Yunlihong

R$ 185 milhões devem ser investidos em fábrica de caminhões em Camaquã. Inicialmente prevista para abrir em junho de 2012, empresa solicitou troca do terreno e revisou seu plano de investimento. Poderá produzir colheitadeiras ou tratores.

Fate/Vipal

R$ 345 milhões devem ser investidos em fábrica de pneus. Depois de desistir do investimento em Guaíba, em razão de dificuldade em obter licenciamento e problemas da economia, empresa poderá investir em Nova Prata.

Celulose avança expansão

Maior investimento na história do Estado, a ampliação da Celulose Riograndense em Guaíba terá 85% das obras concluídas até o fim de 2014. O pico da geração de empregos será em junho, quando 8 mil pessoas trabalharão no local. Com investimento de R$ 5 bilhões, deve inaugurar em maio de 2015.

Valor seria insuficiente para o porte do Estado

Celebrado pelo governo, o investimento previsto em 2014 é considerado baixo por especialistas. O diretor-executivo da Agenda 2020, Ronald Krummenauer, lembra que o valor é apenas uma fração do PIB gaúcho, de R$ 296 bilhões, com impacto limitado na geração de negócios. Conforme a entidade, o Estado recebeu apenas 3% dos investimentos privados do Brasil nos últimos 10 anos, metade da participação no PIB nacional, de 6,7%.

— Nossas dificuldades em atrair grandes aportes, que são os baixos investimentos em infraestrutura e uma política industrial que dê ao Estado um diferencial competitivo, se agravaram nos últimos anos — afirma Krummenauer.

Economista do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e professor da PUCRS, Celso Pudwell analisa que uma política industrial mais focada, com incentivos ousados para cinco ou seis segmentos, poderia conduzir o Estado à formação de polos tecnológicos. Hoje, a política industrial do Estado contempla 22 setores. Pudwell considera importante que segmentos que já sejam fortes no Estado estejam sendo valorizados com crédito e isenções tributárias:

— A valorização de setores tradicionais é tão importante quanto de novos segmentos. Mas é preciso ser mais ousado para criar polos, buscando linhas de crédito federais e atraindo capital de risco.

 

Pesquisar

FTMRS