Ibope muda metodologia e influencia resultado da pesquisa, diz analista
Rede social está em polvorosa com questionamentos que cientista político fez na sua conta no Twitter sobre mudanças na metodologia da última pesquisa do Ibope, que pode ter influenciado no resultado
Uma sequência de tuites do cientista político, Alberto Carlos de Almeida, questionando a metodologia usada pelo Ibope na pesquisa realizada nos dia 29 de 30 de setembro, divulgada na segunda-feira (1º), está agitando as redes sociais e os aplicativos de mensagens, como o WhatsApp.
Segundo Almeida, que é sócio da Brasilis e do Inteligov, o Ibope usou um filtro que não havia sido usado nas pesquisas anteriores: “você votou nas últimas eleições”? Se a pessoa respondia que não votou, como os jovens, o entrevistador encerrava a entrevista.
Para Almeida, esse filtro modificado pelo Ibope para selecionar os entrevistados na última pesquisa eleitoral influenciou diretamente os resultados. “O Ibope modificou o filtro da entrevista. Na pesquisa de ontem não foi entrevistado quem não votou nas últimas eleições. Por isso, a rigor, os resultados não são comparáveis com as pesquisas anteriores”, publicou o cientista político em suas redes sociais.
Em outro tuite, o cientista político, diz que o Ibope “modificou a posição no questionário da pergunta de rejeição dos candidatos. Na última pesquisa ela foi antecedida por uma pergunta sobre o apoio de Lula, na penúltima não foi assim”.
Ambos os casos podem influenciar no resultado das pesquisas, diz o especialista, que conclui: “viés toda pesquisa tem, o importante é que seja constante. As modificações realizadas pelo Ibope entre as duas últimas pesquisas alteram a constância do viés”.
A pesquisa mostra crescimento do candidato a Presidente da República pelo PSL, Jair Bolsonaro, com 31% das intenções de votos, e traz o candidato do PT, Fernando Haddad, com 21%, o mesmo percentual da pesquisa anterior.
O cientista político não argumentou nas postagens, mas, a afirmação sobre a suposta manobra do Ibope pode estar relacionada aos altos índices de rejeição a Bolsonaro que são ainda maiores entre os jovens de 16 a 24 anos.
Segundo a pesquisa Datafolha divulgada no dia 15 de setembro, 56%, mais da metade dos eleitores nesta faixa etária, declararam que não votam em Bolsonaro. Esse índice cresceu dez pontos percentuais em menos de um mês. Era de 46%, em 22 de agosto, saltou para 55%, no dia 10, e passou a 56%, no dia 15 do mês passado.
A alteração da metodologia na pesquisa do Ibope, portanto, pode ter prejudicado a candidatura de Fernando Haddad (PT), segundo analistas ouvidos pela Revista Fórum. O petista registra crescimento entre os mais jovens, na faixa eleitoral daqueles que não votaram nas eleições anteriores.
Outro detalhe é que a pesquisa aponta um crescimento do candidato a Presidente da República Jair Bolsonaro (PSL) no eleitorado feminino justamente no fim de semana em que as mulheres lideraram o movimento #EleNão contra Bolsonaro.
Fonte: CUT Nacional