Fim da violência contra mulher também é bandeira da CUT

 

A Assembleia Geral das Nações Unidas de 1999 aprovou a data de 25 de novembro como o dia Internacional da Não-Violência Contra a Mulher. A data foi escolhida para lembrar que na mesma data em 1960, três ativistas políticas, irmãs Mirabal, "LAS MARIPOSAS" foram assassinadas a mando do ditador Rafael Trujillo na República Dominicana.

O feminismo, luta pela igualdade de gênero, não é recente. Desde a primeira década do século XX as mulheres se organizam para se empoderar no enfrentamento ao patriarcalismo da sociedade mundial.

O machismo e o patriarcado já mataram muitas mulheres no planeta.

"O Dia Internacional da Não-Violência Contra a Mulher não é um dia de comemoração, é um dia de reflexão, de debates, de atos e de protestos. A violência sofrida pela mulher, seja ela qual for, interfere diretamente em todos os papéis sociais da vítima, inclusive no trabalho”, afirmou a secretária de Mulheres Trabalhadoras da CUT, Junéia Batista.

Para a secretária, o mundo sindical precisa seguir fortemente no enfrentamento a qualquer tipo de violência, porque além de um dos 10 princípios do 'Pacto Global Rede Brasileira da Organização das Nações Unidas' (ONU) ser a eliminação da discriminação no emprego, as mulheres trabalhadoras estão se organizando em parceria com os movimentos feministas para transformar esta realidade.

"Os movimentos sociais e feministas sempre foram protagonistas nas transformações do país e do mundo, e a CUT é pioneira em parceria com estes atores sociais e precisa continuar fazendo a diferença". Ela cita também a paridade de gênero na direção da entidade como um grande passo para a igualdade. "É parte da solução, porém temos muito o que construir ainda, como a conquista dos cargos de poder, nos quais os homens ainda estão à frente".

De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a violência continua sendo uma forte ameaça à dignidade das mulheres e o acesso ao trabalho digno. Levantamento de 2013 da entidade mostra que cerca de 35% das mulheres no mundo foram vítimas de violência física ou sexual. Entre outros fatores, a disparidade salarial também persiste para as mulheres com ou sem filhos.

"A OIT lançou o centenário da mulher no trabalho para acelerar esses esforços globais no enfrentamento desses desafios para o avanço da agenda de empoderamento das mulheres, incluída na proposta dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Essa mudança não irá ocorrer sozinha. Ela exige intervenções políticas corajosas e específicas”, disse Shauna Olney, chefe de Gênero, Igualdade e Diversidade da OIT.

Junéia destacou a importância do movimento sindical assumir esta tarefa. “A violência nos locais de trabalho acontece, é uma realidade. Uma das próximas ações da CUT será neste sentido. Muitas vezes as mulheres nem sabem, mas brincadeiras sexistas são consideradas violência e prejudicam a vida da mulher trabalhadora”, afirma a dirigente.

Segundo estudo da Universidade de Santa Maria, no Sul do país, hoje a metade da população brasileira é de mulheres e 41% da força de trabalho brasileira é feminina. Elas estudam mais que os homens, ganham menos nos mesmos postos de trabalho, predominam no trabalho informal, precário e temporário com contratos flexibilizados (sem direitos trabalhistas) impostos pela herança do neoliberalismo.

Outro fator importante para a mulher é a autonomia econômica. Ainda hoje as mulheres mesmo com a escolaridade melhor e ocupando os mesmos cargos ganham até 30% a menos que os homens. A disparidade salarial é ainda um grande desafio para a classe trabalhadora.

Junéia finalizou dizendo que a CUT, representada pela secretaria de Mulheres Trabalhadoras, tem o compromisso de classe, sempre relembrando a socióloga e feminista Beth Lobo que dizia que a classe trabalhadora tem dois lados. Enquanto uma mulher trabalhadora sofrer qualquer tipo de violência a CUT estará à frente entrincheirada para acabar de vez com isso".

 16 dias de ativismo

Com início no dia 25 de novembro, Dia Internacional da Não Violência contra a Mulher, e fim no dia 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos, a campanha dos 16 dias de ativismo no Brasil começou antecipado para o Dia Nacional da Consciência Negra, para enfatizar a dupla discriminação sofrida pela mulher negra.

Em 1991, mulheres de diferentes países, reunidas pelo Centro de Liderança Global de Mulheres(Center for Women’s Global Leadership - CWGL), iniciaram a Campanha 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher, com o objetivo de promover o debate e denunciar as várias formas de violência contra as mulheres no mundo.

Hoje, cerca de 150 países desenvolvem esta Campanha.

O Fórum Nacional de Mulheres Trabalhadoras das Centrais Sindicais participarão da campanha. Elas farão duas grandes atividades, uma de conscientização e panfletagem no dia 01 de Dezembro na Praça Ramos. E um seminário sobre a Violência Contra Mulheres no dia 07, ambas em São Paulo.

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