Em live alusiva ao Dia do Trabalhador, STIMMMESL lança campanha solidária contra a fome

Divulgação STIMMMESL
Em live alusiva ao Dia do Trabalhador, STIMMMESL lança campanha solidária contra a fome

Em live alusiva ao Dia do Trabalhador, comemorado em todo o mundo em 1º de Maio, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Leopoldo e Região (STIMMME-SL) lançou sua campanha contra a fome, na última sexta-feira, 30 de abril, durante live realizada através do Facebook da entidade.

A partir de segunda-feira (3), todos os membros da categoria estão convidados a doar alimentos para garantir que ninguém passe fome nas cidades atendidas pela entidade.

“Pelos próximos 15 dias vamos lutar, sem olhar para quem, contra a fome. Vamos colocar caixas dentro das empresas, solicitando que os metalúrgicos contribuam doando alimentos e agasalhos para quem mais precisa. O nosso lema é vacina no braço e comida no prato. Os trabalhadores das grandes e pequenas empresas estão convidados a colaborar e quem não encontrar a caixa na sua fábrica, pode comparecer ao sindicato que também teremos um posto de arrecadação de alimentos na entidade”, comentou o presidente do sindicato, Valmir Lodi, durante a live.

Intitulada “Solidariedade, Emprego e Renda, a transmissão ao vivo contou com a participação do supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), Ricardo Franzoi, da coordenadora do Instituto Humanitas da Unisinos, Marilene Maia, do Advogado do escritório Young Dias, Lauxen e Lima, Fábio Both, além de Lodi, representando a entidade. A mediação ficou por conta do secretário de Comunicação e Formação do STIMMME-SL, Genilso Vargas.

Conforme Valmir, a ideia é combater a pandemia de fome que atingiu o Brasil e a região do Vale dos Sinos durante a crise sanitária ocasionada pelo Coronavírus, que, desde 2020, assola o país e tem provocado demissões em massa nas principais fábricas atendidas pelo sindicato.

“O setor Metalúrgico é um dos principais setores que mais tem crescido durante a pandemia, sobretudo devido às exportações e por isso nós estamos de olho, verificando se todas as empresas estão cumprindo com as normas sanitárias recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Vários prefeitos têm sido nossos parceiros nesse embate, mas isso não é o suficiente para garantir o bem-estar do povo e da nossa categoria. É por isso que estamos realizando, a partir desta segunda-feira, uma campanha solidária de arrecadação de alimentos”, destacou o dirigente sindical.

“Nós sabemos que não temos vacinas suficientes, mas assim que tivermos, todos os trabalhadores e seus familiares serão vacinados. Não estamos lutando só pelos empregos, mas por imunização para os trabalhadores e seus familiares também”, complementou.

Conforme Lodi, vários empresários da região toparam contribuir com a campanha solidária e estão providenciando cestas básicas para a população em situação de vulnerabilidade social.

“O DIEEESE concordou em fazer um estudo sobre os trabalhadores que estão de Home Office, que, conforme denúncias, estão gastando mais luz, mais energia e mais com a alimentação. Portanto, nada mais justo que essas empresas cubram estes custos para quem está em tele trabalho”, avaliou.

“Não podemos aceitar que ninguém esteja passando fome neste momento”, finalizou.

Conforme Ricardo Franzoi, analista-técnico do DIEEESE, São Leopoldo caminha na contramão do Brasil e começa a pensar uma política industrial voltada para as novas tecnologias.

“A taxa de desemprego dobrou de 2016 pra cá, estamos com 14 milhões de desempregados, mas a boa notícia é que a indústria tem puxado a geração de empregos em São Leopoldo, isso acontece por causa das exportações, pois o mercado interno não tem condições de gerar demanda para a capacidade produtiva que temos”, pontou Franzoi.

“Se olharmos A cidade de São Leopoldo, o número total de empregos foi menor que o número gerado na indústria”, pontuou.

Segundo o analista, o rumo do pais vem piorando desde que a presidenta Dilma Rousseff foi retirada do poder, há 5 anos.

“A partir de 2016 a gente teve uma grande queda no PIB e o Golpe parlamentar daquele ano, junto com os efeitos econômicos da Lava Jato, ampliaram o agravamento da crise, seja pela proibição da Petrobrás de exportar certos produtos ou pelo fechamento em massa de empresas. Hoje, as previsões de crescimento são de 1.2% ou menos. Não temos mais estímulo para investimento em novas tecnologias. Se continuarmos assim, vamos virar uma grande roça que só exporta soja e minério de ferro”, apontou o economista.

“O impacto da inflação de bens que podem ser exportados afeta diretamente a realidade da população que vem sofrendo com a depressão de empregos. O preço dos alimentos vêm subindo porque o agricultor exporta em vez de produzir para o mercado interno. Quem pode exportar soja ou arroz, assim o faz e é por isso que o valor dos alimentos essenciais estão subindo dessa forma”, alertou Franzoi, ao explicar a situação do Brasil em 2021.

“Em vez deste governo ter se planejado para todos se vacinarem e sairmos desta crise, o que vemos é o agravamento dela e uma brutal concentração de renda. Enquanto uns acumulam bilhões, outros estão tendo de cozinhar com lenha para poder fazer uma refeição. Isto é reflexo da falta de políticas públicas para o enfrentamento da crise”, avaliou.

A volta da fome

A acadêmica e coordenadora do Instituto Humanitas, Marilene Maia, aponta que a fome e a desigualdade social avançaram profundamente desde o início da pandemia, em março de 2020.

Conforme dados da Análise por Domicílio do ObservaSinos, órgão estatístico da Universidade do Vale dos Sinos, 69% das contratações realizadas em 2019 na região metropolitana de Porto Alegre foram intermitentes, o que demonstra o distanciamento crescente dos direitos trabalhistas do mundo laboral hoje existente em cidades como Novo Hamburgo, Sapucaia, Porto Alegre e São Leopoldo.

“As estatísticas mostram que os intermitentes trabalham até 12 horas semanais, possuem ensino médio incompleto e até 24 anos”, revelou a educadora.

“Muitas pessoas notaram a volta de pessoas às esquinas pedindo ou com cartazes dizendo que estão com fome, isso é reflexo do crescimento do número de desalentados, que foi de quase 170% entre 2019 e 2020, atingindo mais as mulheres. “A consequência desta realidade é a diminuição da renda das famílias e mais desigualdade social”, mostrou a professora ao apresentar gráficos e estatísticas durante a transmissão ao vivo.

“Mais de 337 mil pessoas entraram na zona de pobreza na região metropolitana, por isso que o auxílio emergencial de R$ 600 é tão importante neste momento”, destacou ao mostrar que R$ 668,1 milhões foram injetados na economia a partir do benefício, aprovado no Congresso Nacional por força da oposição ao governo Bolsonaro.

Retirada de direitos se aprofunda, apesar da miséria

No último dia 28 de abril, o governo promulgou a Medida Provisória nº 1.046/2021 que estabelece flexibilizações temporárias na legislação trabalhista e que poderão ser adotadas pelos empregadores por até 120 dias. Entre as ações estão a suspensão do recolhimento do FGTS de abril, maio, junho e julho. A MP ainda suspende a obrigatoriedade de realização dos exames médicos ocupacionais, clínicos e complementares, exceto dos exames demissionais, dos trabalhadores que estejam em regime de tele trabalho, salvo no caso dos trabalhadores da área de saúde e das áreas auxiliares no ambiente hospitalar. O exame demissional também poderá ser dispensado, caso o exame médico ocupacional mais recente tenha sido realizado há menos de 180 dias.

Segundo o advogado e assessor jurídico do Sindicato dos Metalúrgicos, Fábio Both, a medida provisória aponta para uma tendência de precarização de direitos trabalhistas que tende a se agravar em um futuro próprio.

“Muitos analistas dizem que não haverá mais uma volta à normalidade, pois o que tínhamos como normal no mundo do trabalho já não existe. Teremos de nos acostumar com a situação do Home Office, pois muitas empresas visualizaram vantagens no tele trabalho e devem querer manter isso.

“A nova MP permite que as pessoas gozem férias antes de um ano de contratação, mas, em caso de demissão, isso será descontado da rescisão do trabalhador, em caso de demissão”, apontou Both ao analisar a nova medida.


Fonte: STIMMMESL

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