Eduardo Leite anuncia renúncia e deixa o RS na lanterna do piso regional no Sul
O governador Eduardo Leite (PSDB), que anunciou nesta segunda-feira (28) que vai renunciar ao mandato, deixa os trabalhadores e as trabalhadoras do Rio Grande do Sul com o menor salário mínimo regional entre os três estados do Sul do Brasil.
Segundo estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o RS paga atualmente R$ 1.305,56 para a menor faixa salarial do chamado piso regional, enquanto o valor em Santa Catarina é de R$ 1.416,00 e no Paraná é de R$ 1.617,00.
Com data-base em 1º de fevereiro, Leite se despede do governo sem ter concedido sequer uma audiência para as centrais sindicais e muito menos ter enviado até agora um projeto de lei de reajuste do piso regional para 2022 à Assembleia Legislativa.
“Isso é reflexo do enorme descaso de Eduardo Leite com o Rio Grande do Sul e o Brasil que trabalha e produz, mostrando que ele só se preocupou em atender os interesses dos grandes empresários e do mercado financeiro, desmontar os serviços públicos, privatizar estatais, arrochar o piso regional e congelar os salários dos servidores”, critica o presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci.
“A lanterna do piso regional é fruto da ausência de aumento neste ano e do reajuste zero aplicado em 2020 no Rio Grande do Sul, ao mesmo tempo em que os estados vizinhos concederam reposição da inflação e até ganhos reais aos trabalhadores e às trabalhadoras que recebem os menores salários mesmo durante a pandemia”, destaca.
Para o secretário de Administração e Finanças da CUT-RS, Antonio Güntzel, “o achatamento do piso regional significa também uma apropriação indevida da renda do trabalhador e da trabalhadora pelas empresas, no exato momento em que disparou a inflação, sobretudo diante dos preços abusivos da gasolina, do diesel e do gás de cozinha por conta da política do governo Bolsonaro que atrelou os combustíveis ao dólar”.
Nova mesa de diálogo nesta quarta
O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Valdeci Oliveira, promove nesta quarta-feira (30), às 10h, a segunda mesa de diálogo entre centrais sindicais e federações empresariais para tratar do reajuste do piso regional. A primeira reunião ocorreu no último dia 16. Também participou a presidente do Conselho Estadual de Trabalho, Emprego e Renda (Ceter-RS), Maria Helena Oliveira.
As centrais reivindicam um reajuste de 15,58%, que considera a reposição da inflação de 10,60% referente à variação do INPC de 2021 até janeiro deste ano e a recuperação de 4,50% correspondente ao INPC de 2019, segundo cálculos do Dieese.
“Esperamos que os representantes das entidades patronais ajudem na construção de uma proposta que recupere as perdas inflacionárias, a exemplo de Santa Catarina e do Paraná”, ressalta Antônio.
Fonte: CUT-RS