Demitidos da Comil, de Erechim, protestam contra Bradesco
Ação do banco na justiça impediu pagamento parcelado da dívida por parte da Comil
Um grupo de trabalhadores demitidos da Comil em setembro de 2016 e representantes do Sindicato dos Metalúrgicos de Erechim entregaram na manha desta terça-feira (20) à gerencia da agência do Bradesco de Erechim um ofício que solicitam que seja encaminhado para a presidência do banco. Eles apelam que a direção do Bradesco volte atrás na ação que impediu o repasse mensal de R$ 800 mil para a Comil iniciar a quitação parcelada da dívida com os trabalhadores, enquanto não é aprovado o Plano de Recuperação.
A empresa de Erechim já havia repassado o valor autorizado pela justiça nos meses de setembro e outubro quando o Bradesco obteve efeito suspensivo da medida no Tribunal de Justiça do RS.
Os trabalhadores e o Sindicato pedem que o Bradesco volte atrás na ação, alegando que a decisão prejudica mais de 840 famílias que tem cerca de R$ 25 milhões a receber da empresa. Os trabalhadores ficaram concentrados em frente a agencia até o meio dia distribuindo material, que foi entregue também no comércio. O Sindicato dos Bancários acompanhou a entrega do documento e outras entidades sindicais apoiaram a iniciativa.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Erechim, Fábio André Adamczuck, falou ao vivo no AU e explicou toda a situação criada pela ação do Bradesco. Veja aqui.
Veja a íntegra da correspondência:
Erechim, 20 de novembro de 2018
Ilmo Sr.
Octavio Lazari Junior
Presidente do Bradesco
Em setembro de 2016, 840 famílias de trabalhadores se viram de uma hora para outra sem ter como sobreviver, diante da demissão em massa dos trabalhadores da Comil, uma das empresas mais importantes de Erechim, no ponto de vista econômico. Estes trabalhadores foram demitidos sem receber nenhum pagamento e esperam há dois anos que a empresa acerte a dívida.
A referida empresa está em processo de Recuperação Judicial e foi autorizada pela justiça a repassar R$ 800 mil mensais a estes trabalhadores. Este pagamento parcelado está longe de quitar a dívida com os trabalhadores, calculada em R$ 25 milhões, mas amenizou por dois meses o problema das famílias, antes da ação judicial do banco que o senhor preside impedir o repasse.
- Diante do problema social e econômico e do prejuízo ao comércio local gerado pelas demissões;
- Diante da insegurança gerada entre as famílias quanto ao futuro;
- Diante da injustiça que está sendo cometida privando o trabalhador de receber pelo trabalho prestado;
- Diante das dívidas que se acumulam entre as famílias, que estão impedidas de honrar com os seus compromissos;
- Diante da frustração daqueles que depois de receberam duas parcelas da dívida estão novamente sem perspectiva de solução;
- Diante do fato de que a instituição financeira que o senhor preside figura como o segundo maior banco privado do país, com um lucro de 14,65 bilhões no ano passado,
o Sindicato dos Metalúrgicos e os trabalhadores que tem direitos a receber da Comil vem a público denunciar a manobra judicial que impediu a continuidade do pagamento e solicitar que o Bradesco reveja a sua posição e permita que o repasse seja retomado.
Fábio André Adamczuck
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Erechim
Fonte: AU OnLine