CUT vira parceira na Fatoflix. Streaming aposta em filmes com conteúdo progressista
Criada em meio ao avanço da extrema direita nas redes e no audiovisual, a Fatoflix surgiu como uma resposta do campo progressista ao desequilíbrio no debate público. A plataforma, idealizada e dirigida por Carlos Tibúrcio, foi criada com o propósito de usar o cinema como instrumento de formação política, empatia e mobilização social.
“A ideia surgiu da necessidade de equilibrar o jogo. Desde 2016, setores conservadores investem pesado em plataformas com estrutura profissional e recursos vultosos. Do nosso lado, não havia nada com essa potência narrativa. E o cinema tem justamente esse papel afetivo e simbólico fundamental na disputa de valores na sociedade”, afirma Tibúrcio, também editor do portal Fórum 21.
Lançada em 15 de agosto de 2024, a Fatoflix completa um ano neste segundo semestre, com cerca de 14 mil usuários cadastrados e um acervo dinâmico de aproximadamente 200 títulos — entre longas, curtas, séries e médias-metragens. A primeira mostra, Cidades e Cidadania, estreou no mesmo dia da abertura oficial do calendário eleitoral municipal, com o objetivo de dialogar diretamente com a conjuntura política do momento. Desde então, a plataforma já organizou mostras temáticas, incluindo Meio Ambiente rumo à COP30, Direitos Humanos, Geopolítica Global e Redes Sociais e Comunicação.
Financiamento solidário
A manutenção da plataforma é feita majoritariamente por meio de contribuições mensais de entidades parceiras, como sindicatos, federações e movimentos sociais. O valor mínimo sugerido é de R$ 100,00 por mês, mas cada organização define o montante conforme sua capacidade.
A proposta é manter a Fatoflix gratuita para o público, visando ampliar o alcance nos territórios populares. “Entendemos que a capilaridade é estratégica. Por isso, nossa base de sustentação está em organizações como a Federação Única dos Petroleiros (FUP), o Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, o INP - Instituto Novos Paradigmas e movimentos como o Geração 68 , o Sementes da Esperança e, agora, a CUT ”, detalha Tibúrcio.
CUT integra articulação com foco na formação política
A Central Única dos Trabalhadores recentemente também firmou parceria com a Fatoflix. Para a secretária nacional de Comunicação da CUT, Maria Faria, a aliança reforça o compromisso da entidade com a formação crítica da classe trabalhadora.
“A Fatoflix é mais que uma plataforma de filmes. É uma ferramenta potente de formação, de disputa simbólica e de fortalecimento das nossas narrativas. Estar junto desse projeto é estratégico para a CUT, especialmente num momento em que as redes estão tomadas por desinformação e discursos de ódio. Vamos usar essa parceria para impulsionar o pensamento crítico nas bases e estimular o debate político nos nossos territórios”, afirma Maria.
Parcerias com entidades e cineclubes como instrumento de mobilização
Mais do que apenas oferecer conteúdo, a Fatoflix propõe um modelo de parceria ativa com as entidades que apoiam a plataforma. Ao aderirem, essas organizações ganham acesso a um sistema funcional de streaming, espaço para incluir seus próprios acervos e liberdade para construir curadorias específicas.
“Elas podem organizar mostras temáticas, debates, rodas de conversa, cineclubes presenciais ou digitais. O objetivo é que a plataforma também seja um instrumento para ativar redes, formar opinião e articular bases”, afirma o diretor.
A estrutura da Fatoflix
A plataforma conta com uma equipe de 12 profissionais, dividida entre as áreas de curadoria, produção, tecnologia e comunicação. Parte desse time atua simultaneamente na manutenção do portal Fórum 21. Há uma atuação ativa nas redes sociais — Instagram, Facebook, Twitter/X e YouTube — com conteúdo diário, sugestões de filmes e agendas de mostras. O acesso é simples: basta visitar o site fatoflix.com.br ou seguir o perfil @fatoflix nas principais redes.
Novas mostras e produção original em andamento
Duas novas mostras estão previstas para julho de 2025. Uma delas dialoga com o Plebiscito Popular, trazendo filmes que abordam a crítica à jornada 6x1 e a defesa da isenção de imposto de renda para salários de até R$ 5 mil. A outra, desenvolvida com o movimento Sementes da Esperança, apresenta obras sobre a organização popular e a formação de núcleos de base pelo país — com o objetivo de atingir 10 mil coletivos até dezembro. A curadoria prioriza a conexão temática e a relevância conjuntural das obras, sem restrição de formato ou duração.
Além das mostras, a Fatoflix se prepara para lançar seu primeiro documentário original. Com estreia prevista para novembro, durante a COP30, o filme abordará o futuro dos povos Yanomami. A obra, de média-metragem, está em fase de desenvolvimento de roteiro e escolha da direção. Diferentemente de projetos futuros, que poderão contar com leis de incentivo, este será viabilizado por meio de apoio direto de entidades e empresas do campo progressista.
Projeções para 2026 e disputa simbólica
A expectativa para os próximos anos é que a Fatoflix se consolide como uma plataforma popular, reconhecida não apenas pelo conteúdo, mas pelo seu papel político-cultural. Para Tibúrcio, a aposta no streaming como ferramenta de formação é estratégica.
“As grandes plataformas já fazem parte do cotidiano da população. O que diferencia a Fatoflix é sua missão: formar pensamento crítico e disputar narrativas, com qualidade cinematográfica e compromisso com a democracia”, conclui Maria Faria.
Fonte: CUT Nacional
