CUT-RS denuncia golpe nos direitos, exige “Fora Temer” e aponta greve geral em ato das centrais na Fiergs
A CUT-RS rebateu as provocações dos empresários, defendeu a CLT e a Justiça do Trabalho, protestou contra a reforma da Previdência, denunciou o golpe nos direitos e apontou a necessidade de construção da greve geral, durante o ato estadual unificado das centrais sindicais realizado na manhã desta terça-feira (16), em frente à Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), na zona norte de Porto Alegre.
A atividade contou com a presença da CUT, CTB, UGT, Nova Central, Força Sindical, CGTB, Intersindical e CSP-Conlutas, marcando no RS o Dia Nacional de Luta e Mobilização da Classe Trabalhadora, aprovada em assembleia nacional das centrais ocorrida no dia 26 de julho, em São Paulo. Houve também mobilizações em todas as capitais dos estados e no Distrito Federal.
Trabalhadores queimam o “pato” dos empresários
Mais de mil trabalhadores e trabalhadoras participaram da mobilização, que teve início às 7h e se estendeu até as 10h. Houve manifestações de dirigentes sindicais e palavras de ordem, destacando-se “Fora Temer”. Não faltaram bandeiras, faixas e banners com imagens de patos, ironizando o pato amarelo da Fiesp, usado pelos empresários para enganar a população a apoiar o golpe do impeachment.
Um banner da CUT-RS com a imagem do pato dizia: “Trabalhador não vai pagar o pato”. Um cartaz do pato com os nomes dos principais ataques dos golpistas permaneceu em cima do caminhão de som, foi alvo das críticas dos manifestantes e, no encerramento do ato, foi retirado e queimado no chão aos gritos de “Fora Temer”, como forma de repudiar as medidas defendidas pelos empresários.
Provocação da Fiergs motiva ainda mais protestos
Além das centrais, houve também pronunciamentos de federações e sindicatos estaduais, todos indignados com os ataques dos golpistas aos direitos da classe trabalhadora e com a provocação vergonhosa da Fiergs, que instalou um enorme banner na entrada do pátio, onde ignora que são os empresários que causaram 11 milhões de desempregados e ainda responsabiliza a CLT e o movimento sindical.
“Eles não tem nenhum pudor. A caneta está nas mãos de um golpista que está disposto a assinar qualquer lei que esse Congresso de ampla maioria empresarial aprove. Então, não teria outro lugar mais adequado do que em frente à Fiergs, as entidades que financiaram o golpe e agora exigem o atendimento de sua pauta. E a pauta é o fim da CLT e dos direitos trabalhistas”, afirmou o presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo.
Ele esclareceu que os atos de hoje visam denunciar os reais objetivos do golpe que está em curso no Brasil e que o alvo são os direitos sociais, previdenciários e trabalhistas. “Michel Temer jamais seria eleito com as propostas que estão sendo discutidas agora.”
Momento de união para construir a greve geral
Claudir parabenizou a união das centrais sindicais e defendeu a construção de uma greve geral. “Vamos olhar para o próximo período de grande defesa e resistência para garantir a maior greve geral da história,” salientou.
O presidente da CUT-RS ponderou que é necessário mobilizar e conscientizar ainda mais a população. “Essa agenda só vai funcionar se a gente conseguir desalienar a classe trabalhadora, que ainda está impactada pela manipulação da grande mídia que todos os dias mostra a pauta dos patrões”, criticou.
“Querem negar o direito de se aposentar”
Para a presidente do CPERS Sindicato, Helenir Schurer Aguiar, a união das centrais sindicais representa um “momento histórico” e é um passo necessário para a “conscientização dos trabalhadores” para tentar barrar os ataques aos direitos trabalhistas, à reforma da previdência e as propostas de privatização em nível federal e estadual.
Helenir rebateu os argumentos usados pelas federações empresariais de que a reforma da Previdência é necessária para modernizar a legislação e equiparar o Brasil aos movimentos que ocorrem em outros países. “Às vezes usam a França ou outro país para aumentar o tempo de aposentadoria. Se nós tivéssemos as mesmas condições de vida, a mesma idade para começar a trabalhar e o salário que temos na Europa, a gente poderia até discutir, mas aqui no Brasil a realidade é outra. Muitas vezes, os filhos dos trabalhadores já estão no mundo do trabalho aos 14 anos. Trabalhar dos 14 aos 70 anos é sugar toda a vida do trabalhador e negar a ele o direito de ter um momento de se aposentar e poder curtir a vida”, ponderou.
“O que desenvolve uma nação é a geração de emprego”
Integrante da direção nacional da CUT-RS, Mara Feltes, enfatizou que “a direita está com as garras em cima dos direitos dos trabalhadores”. Ela destacou que o que gera renda e desenvolve uma nação é a geração de emprego e a valorização do salário mínimo, justamente o oposto do que o governo golpista está fazendo.
“E não podemos nos esquecer do nosso estado, do desrespeito do Sartori com o serviço público que não passa verba para hospitais, não investe em educação. O Rio Grande do Sul parou e é isso que querem para o Brasil. Mas nós não vamos deixar, pois aqui tem resistência”, finalizou Mara.
“Querem entregar o pré-sal ao capital estrangeiro”
“Todo o progresso no mundo do trabalho se deu por causa das lutas dos trabalhadores”, sublinhou o petroleiro e secretário de Saúde do Trabalhador da CUT-RS, Dary Beck, acrescentando que os empresários não pensam em modernização, pois defendem práticas de trabalho escravo.
De acordo com ele, para os petroleiros, esse golpe tem um fator a mais, que é a entrega do pré-sal para o capital estrangeiro. “Estão entregando a nossa riqueza. Temos petróleo suficiente para garantir uma boa vida para o povo brasileiro. Se entregarem nossas reservas, daqui a pouco teremos que importar petróleo. Podemos ser uma Noruega ou uma Nigéria, esses dois países tem reservas de petróleo, a Noruega não entregou sua riqueza, ao contrário da Nigéria”, comparou Dary.
“Não vamos pagar pela ganância desse pato”
O diretor da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef) e vice-presidente da CUT-RS, Marizar de Melo, atacou também o PLP 257/16 e a PEC 241/16. “É maior ataque aos servidores na história, uma vez que esses projetos enterram o serviço público”, apontou.
Marizar acredita que o pato da Fiesp está “cobrando um preço alto demais, retirando nossos direitos”. Ele avisou os golpistas que “nós não vamos pagar pela ganância desse pato”.
Resistência une também juventude e agricultura familiar
A secretária de Juventude da CUT-RS, Letícia Raddatz, alertou para os prejuízos que as medidas adotadas pelo governo golpista causam aos jovens, pois, além de atacar a CLT, houve redução nos investimentos em educação. Ele chamou a atenção para as consequências no próximo período. “Nós já somos quem mais sofre no mercado de trabalho, nossa jornada é maior, os salários são menores e somos as principais vítimas da rotatividade. As medidas de Temer vão piorar ainda mais esse cenário para a juventude”, disse Letícia.
“A união dos trabalhadores do campo e da cidade, das mais diversas categorias, acontece porque todos os brasileiros serão atingidos por esse ataque aos nossos direitos”, frisou a secretária de Política Social da CUT-RS, Cleonice Back. Segundo ela, uma das maiores preocupações é com o futuro da agricultura familiar. “Os pequenos agricultores serão muito penalizados”, denunciou.
Fonte: CUT-RS com Sul21