CUT-RS critica Gerdau que, enquanto tenta arrochar salários, amplia investimentos
O Grupo Gerdau usa dois pesos e duas medidas. Para os trabalhadores, o discurso é de crise financeira. Por isso, vem tentando descumprir a convenção coletiva dos metalúrgicos de São Leopoldo, fechada no mês de outubro, que estabelece a reposição da inflação de 9,31%, parcelada em duas vezes: 5% a ser paga retroativa à data-base e 4,31% a ser quitada em dezembro.
A empresa propôs a substituição do percentual de dezembro por um abono de R$ 5 mil para os trabalhadores da fábrica de Sapucaia do Sul. A proposta foi rejeitada pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São Leopoldo.
Audiência no TRT-RS
Em audiência ocorrida no TRT-RS, no dia 27 de novembro, um dos advogados da Gerdau, Sérgio Juchem, disse que a empresa fez a proposta em virtude da crise financeira e para evitar demissões. Isso porque, argumentou ele, no último trimestre, a empresa, que tem unidades em vários estados do país, registrou um prejuízo de R$ 1,9 bilhão.
O presidente do Sindicato, Valmir Lodi, afirmou que a convenção coletiva se estende a todas as empresas metalúrgicas da região. “Nós temos uma convenção e precisa ser cumprida”, defendeu.
Valmir acusou a Gerdau de pressionar os trabalhadores a cobrar do sindicato o abono. No dia 20 de novembro, centenas de funcionários foram até a frente da entidade sindical para pressionar a direção. “Os trabalhadores da Gerdau estão acuados”, afirmou ele, acrescentando que eles temem demissões.
Novos investimentos nos negócios
No entanto, enquanto tenta arrochar os salários, a Gerdau continua investindo, e muito. Na edição desta segunda-feira (21) do Jornal do Comércio, a coluna Painel Econômico, do jornalista Danilo Ucha, revela que a empresa tem inauguração prevista de uma nova fábrica neste mês no México e faz pesados investimentos na ampliação dos negócios também na Argentina e no Brasil. Confira:
“O Grupo Gerdau, que vai completar 115 anos agora em janeiro, está aproveitando as oportunidades sempre geradas pelos processos de substituição de importação. Primeiro no México; depois na Argentina. Seus dirigentes descobriram que 65% dos perfis estruturais, grandes vigas de aço usadas em construções de porte, como plantas industriais, pontes, indústrias de transporte e de petróleo, shoppings consumidos no México, eram importados e instalaram uma fábrica de perfis naquele país, inaugurada, este mês, por André Gerdau Johannpeter, presidente do Conselho de Administração.
O investimento foi de US$ 600 milhões. A usina tem capacidade para 1 milhão de toneladas de aço líquido e de 700 mil toneladas de produtos acabados. Na Argentina, também para substituir importações feitas por aquele país, o Grupo Gerdau está construindo uma aciaria, em Perez, na província de Santa Fé, cuja previsão de funcionamento é no segundo semestre de 2016.
E, aqui no Brasil, estão em andamento as obras de uma usina de aços planos, um dos sonhos de Jorge Gerdau Johannpeter, uma laminadora de chapas grossas, em Ouro Branco, Minas Gerais. Estão sendo investidos US$ 1,8 bilhão para entrar no mercado de aços planos.”
Dois pesos e duas medidas
“Isso comprova que a Gerdau usa dois pesos e duas medidas. Choradeira na hora de cumprir a convenção coletiva dos metalúrgicos, e investimentos para ampliar negócios no Brasil e outros países”, afirma o presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo.
“Está passando da hora dessa empresa multinacional tirar a responsabilidade social do discurso e colocá-la em prática, o que começa por fazer a lição de casa: respeitar os salários, os empregos e os direitos dos trabalhadores”, ressalta.
Fonte: CUT-RS com Jornal do Comércio