Com valorização do salário mínimo, Sérgio Nobre abre ciclo de debates CUT 40 Anos

ROBERTO PARIZOTTI
Com valorização do salário mínimo, Sérgio Nobre abre ciclo de debates CUT 40 Anos

Com o tema “A política de valorização do salário mínimo”, a CUT deu início, na tarde desta quarta-feira (31), ao Ciclo de Debates CUT 40 anos, que, a cada mês, abordará uma pauta diferente sobre as lutas da Central. O calendário de debates, realizados pelas secretarias Geral e de Formação da CUT, segue até outubro quando será realizado o 14° Congresso da CUT.

O presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, primeiro convidado, destacou que o ciclo é uma iniciativa importante neste ano em que a CUT completa quatro décadas de luta e conquistas que reafirmam a maturidade da Central como maior entidade representativa dos trabalhadores e das trabalhadoras brasileiros.

“A política [de valorização do salário mínimo foi uma conquista que resultou da luta da CUT, que rendeu mais de 70% de reajuste acima da inflação, não quebrou a Previdência Social, não fez a inflação explodir e todos reconhecem sua importância para o desenvolvimento e para a geração de empregos”, afirmou Sérgio Nobre.

“Não tem política mais eficaz. Ela baliza quem está na informalidade, por exemplo. É um grande programa de transferência de renda”, disse o presidente nacional da CUT.

Sérgio Nobre ainda lembrou que após o golpe de 2016, contra a presidenta Dilma Rousseff e, consequentemente, contra a classe trabalhadora, a política foi interrompida. No entanto, a volta da classe trabalhadora ao poder, com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, a trouxe de volta. “Lula colocou a política de valorização do salário mínimo (decreto de maio) como ponto central de sua campanha e foi uma conquista de seu governo”, disse o presidente nacional da CUT.

Sérgio Nobre falou também sobre outros temas como a atualização do modelo sindical brasileiro, pauta prioritária da CUT, que tem como foco fortalecer as negociações coletivas e o movimento sindical. Ele explicou que a Central vem elaborando um projeto de lei a ser apresentado no Congresso Nacional. “O resultado de fortalecer a negociação coletiva é a ampliação de direitos dos trabalhadores e trabalhadoras”.

O dirigente citou ainda a comunicação da CUT como estratégica para politizar a classe trabalhadora, levando a todos uma consciência de classe baseada na organização e esclarecendo que “direitos conquistados ao longo dos anos não caíram do céu e, sim, foram resultados de muita luta e sofrimento de representantes dos trabalhadores e trabalhadoras”, ou seja, dos sindicatos.

Ainda sobre a comunicação, exaltou o papel das brigadas digitais da CUT como instrumento para alcançar esses objetivos. “Apostamos muito nas brigadas para trabalhar a comunicação junto à massa. Toda vez que conquistamos direitos foi quando a população entendeu nossa mensagem. E temos potencial para isso”, disse.

Congressos

Sérgio Nobre destacou também a responsabilidade de todos que fizeram e fazem parte da história da CUT para manter a Central em seu patamar de importância e reconhecimento na sociedade. Em sua fala, o dirigente citou os congressos estaduais e o Congresso Nacional da CUT.

“Em junho acontecem os congressos estaduais. Em outubro, o nacional. As novas lideranças precisam ter consciência de que é uma responsabilidade gigantesca dar continuidade ao nosso projeto, continuar fazendo da Central uma entidade respeitada e cumprindo o papel que cumpre”, disse o presidente nacional da CUT

A afirmação teve como gancho a história da CUT, contada momentos antes do início do debate, por meio de um vídeo com artes e cartazes produzidos ao longo dos anos, alusivos às lutas, mobilizações e greves organizadas pela CUT, reivindicando pautas como redução de jornada de trabalho, direitos, política econômica e a própria política de valorização do salário mínimo, tema escolhido para o primeiro debate. 

O debate 

Especialista no tema salário mínimo, a técnica nacional do Dieese Adriana Marcolino fez um resgate da história da política de valorização apontando os principais e positivos impactos sociais e econômicos para o país durante o período em que esteve em vigor. 

Ela apresentou um minucioso estudo realizado pelo Dieese que mostra, com fatos e números, a importância da política de valorização.

Nos governos Lula e Dilma (2003 a 2016), mostra o estudo, o reajuste nominal do salário foi de 340%. Passou de R$ 200,00 em 2002 para R$ 1045,00 em, 2020, último ano em que o salário teve reajuste, ainda que não acima da inflação, já que a política havia sido cessada em 2018 pelo governo de Jair Bolsonaro (PL).

O aumento real no salário, descontada a inflação (148,34% no período), foi de 77,18%.

Além do aspecto econômico, outros destaques foram apresentados. 

- Redução de desigualdades salariais entre homens e mulheres, negros e não negros, e regionais;

- Impacto positivo sobre os reajustes dos pisos das categorias; 

- Aumento da arrecadação tributária;

- Aumento da renda da população mais pobre;

- Ampliação do mercado consumidor e fortalecimento da economia

- entre outros.

Outro ponto destacado por Adriana Marcolino é o salário mínimo ser referência para benefícios sociais como aposentadorias e pensões e o impacto positivo em pequenos municípios que têm sua economia incrementada já que a média de rendimentos nessas localidades é baseada no salário mínimo.

Outros impactos

Os impactos a cada R$ 1 de reajuste no reajuste no salário mínimo envolvem:

- Geração potencial de 18,3 mil empregos; 

- Valor adicionado ao PIB em R$ 1,3 bilhão;

- Aumento de arrecadação em R$ 334 milhões; 

- Incremento da massa salarial de até R$ 476 milhões na economia.

 

Fonte: CUT Nacional

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