Com o programa Desenrola, endividamento das famílias é o menor desde janeiro
Com pouco mais de três semanas de implementação, o programa Desenrola Brasil contribuiu para a queda do endividamento das famílias brasileiras. O percentual de famílias que relataram ter dívidas caiu de 78,5% em junho para 78,1% em julho, queda de 0,4 ponto porcentual. Trata-se da primeira redução desde novembro de 2022. Já o volume de endividados chegou ao menor nível desde janeiro deste ano. Os resultados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) na última terça-feira (8).
O governo federal lançou a primeira etapa do programa de renegociação de dívidas no último dia 17, iniciando pela Faixa 2, que atende aos devedores com renda mensal de até R$ 20 mil, sem limite de dívida. As renegociações da Faixa 1, para cidadãos que recebem até dois salários mínimos (R$ 2.640), começam em setembro. Neste grupo, as dívidas não podem ultrapassar R$ 5 mil.
Além dos impactos do Desenrola, o presidente da CNC citou outros fatores que contribuem para uma avaliação otimista dos rumos da economia. “Com o início da trajetória de queda da taxa de juros, é esperado um movimento de melhora das condições de compra do brasileiro, o que é positivo para a economia como um todo”.
Por renda
Dessa maneira, a pesquisa aponta que a redução do endividamento foi maior entre as famílias de classe média. Nas faixas de renda de 3 a 10 salários mínimos, o volume de consumidores com dívidas caiu 0,7 p.p. em comparação a junho.
Conforme a economista da CNC responsável pela Peic, Izis Ferreira, essa redução interrompe a tendência de alta do endividamento desses consumidores, que vinha sendo observada até o fim do semestre passado.
No primeiro grupo, das pessoas com renda entre 3 e 5 mínimos, o volume de endividados caiu ao menor nível desde junho de 2022. Já entre os com rendimentos de 5 a 10 SM, a proporção de endividados é a menor desde janeiro deste ano.
Para as famílias com renda até três salários mínimos, a proporção de endividados teve ligeira alta, de 0,1%, ficando em 79,4%. Do total de pessoas com dívidas, 18,2% consideram-se “muito endividadas”, percentual que apontou queda pela primeira vez desde dezembro.
“A CNC estima que a proporção de consumidores endividados amplie o ritmo de queda nos próximos meses”, explica a economista. Segundo ela, a taxa deve ficar próxima a 77%, em setembro, quando terá início a faixa 2 do Desenrola. A previsão, contudo, é que o endividamento das famílias volte a crescer no final do ano.
Por estado
De acordo com o relatório da pesquisa, o Desenrola contribuiu para queda da proporção de endividados em 13 das 27 Unidades da Federação. As maiores reduções foram no Distrito Federal (-2,6 p.p.), em São Paulo (-2,0 p.p.), no Tocantins (-1,8 p.p.), Amapá (-1,6 p.p.) e Bahia (-1,2 p.p.).
Em outros 13 estados, o volume de pessoas com dívidas aumentou, com destaque para Sergipe (+3,6 p.p.), Piauí (+2,7 p.p.) e Ceará (+2,7 p.p.). Apenas no Espírito Santo, o número de consumidores com dívidas permaneceu estável na comparação mensal.
No cartão
Além disso, a pesquisa também revelou queda de 87% para 85,9% no total de famílias com dívidas no cartão de crédito. A queda foi mais expressiva entre as mulheres (-1,2p.p.), embora elas estejam em maior número com dívidas no cartão (86,8%) do que os homens (84,1%). Também foi possível observar uma leve redução, de 0,1%, do volume de endividados no cheque especial (que ficou em 4,1%) e no crédito consignado (5,1%).
Fonte: Rede Brasil Atual