Cesta básica cai em 14 capitais com destaque para quedas da carne, feijão e batata

ROBERTO PARIZOTTI
Cesta básica cai em 14 capitais com destaque para quedas da carne, feijão e batata

Em setembro de 2023, o valor do conjunto dos alimentos básicos caiu em 14 das 17 capitais onde Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), realiza mensalmente a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (5).

Os produtos que tiveram maior queda de preços foram: a batata que diminuiu em nove das 10 cidades do Centro-Sul, onde o produto é pesquisado. Houve queda do valor médio do quilo da carne bovina de primeira em 15 capitais. Os preços médios do leite integral e da manteiga diminuíram em 14 capitais, entre agosto e setembro. Entre agosto e setembro, o valor do quilo do feijão carioquinha caiu em todas as cidades onde é pesquisado. O preço do café em pó diminuiu em 13 das 17 capitais.

Subiram de preço o feijão preto e o arroz agulhinha.

A variação do preço da batata

Entre agosto e setembro, as maiores quedas foram registradas em Brasília (-26,01%), Porto Alegre (-19,93%) e Belo Horizonte (-19,17%). A alta ocorreu em Vitória (5,26%).

Em 12 meses, todas as cidades tiveram baixas nos preços. Os índices oscilaram entre -24,29%, em Belo Horizonte, e -1,76%, em Goiânia. A maior oferta da safra de inverno reduziu os valores no varejo.

Carne bovina

Houve queda do valor médio do quilo da carne bovina de primeira em 15 das 17 cidades pesquisadas, com variações entre -5,88%, em Brasília, e -0,93%, no Rio de Janeiro. As elevações foram registradas em Natal (3,30%) e Vitória (2,90%).

Em 12 meses, todas as capitais tiveram diminuição do preço médio, com destaque para Brasília (-15,06%), Goiânia (-14,64%) e São Paulo (-14,45%).

A China vem pagando menos pela carne brasileira, o que tem pressionado para baixo os preços domésticos. Internamente, a demanda seguiu enfraquecida devido aos altos preços praticados.

Leite integral e manteiga

Os preços médios do leite integral e da manteiga diminuíram em 14 capitais, entre agosto e setembro. Para o leite integral, as quedas oscilaram entre -4,78%, em Florianópolis, e -0,14%, em Belém. A maior alta ocorreu em Vitória (2,78%).

Em 12 meses, os preços caíram em todas as cidades, com destaque para Aracaju (-27,25%), Fortaleza (-22,84%) e João Pessoa (-22,06%).

Já para a manteiga, as reduções variaram entre -2,94%, em Aracaju, e -0,08%, em Natal. A maior alta foi registrada em Goiânia (3,61%).

Em 12 meses, 12 capitais tiveram taxas positivas, com destaque para Natal (10,69%) e Recife (7,99%).

O baixo consumo interno e a maior oferta de leite são os fatores que explicam o movimento de queda no varejo.

Feijão carioquinha

Entre agosto e setembro, o valor do quilo do feijão carioquinha caiu em todas as cidades onde é pesquisado (capitais do Norte, Nordeste, Centro-Oeste, em Belo Horizonte e em São Paulo), com variações entre -14,68%, em Belém, e -0,59%, em Natal.

Em 12 meses, o valor médio apresentou queda em todos os municípios acompanhados, com destaque para Belo Horizonte (-27,24%) e Brasília (-22,69%).

Os grãos colhidos na última safra abasteceram o mercado e a demanda foi menor, o que resultou em diminuição das cotações médias.

Café em pó

O preço do café em pó diminuiu em 13 das 17 capitais, com taxas que variaram entre -3,49%, em Porto Alegre, e -0,30%, em Curitiba. Os maiores aumentos ocorreram em João Pessoa (2,96%) e Belo Horizonte (1,99%).

Em 12 meses, todas as capitais apresentaram redução no preço médio, com destaque para Brasília (-17,04%) e Goiânia (-16,54%).

A colheita do grão elevou o nível de oferta, o que resultou em queda dos preços no varejo.

Feijão preto e arroz agulhinha subiram de preço

O feijão tipo preto, cujo preço é coletado nas capitais do Sul, em Vitória e no Rio de Janeiro, registrou alta em todas as cidades, menos no Rio de Janeiro (-1,67%). As maiores elevações foram observadas em Vitória (2,27%) e Florianópolis (2,18%).

Em 12 meses, os aumentos variaram entre 4,51%, em Vitória, e 15,13%, em Florianópolis.

A alta dos preços ocorreu por causa da menor oferta do grão preto. O mercado foi abastecido por grãos importados e estoques remanescentes da safra nacional.

O quilo do arroz agulhinha ficou mais caro em 15 capitais, em setembro. As altas ficaram entre 0,62%, em Recife, e 7,25%, em Campo Grande. Houve diminuição em Vitória (-0,70%) e Salvador (-0,34%).

Em 12 meses, todas as cidades apresentaram elevação de preços, com destaque para as variações acumuladas em Goiânia (23,08%), Curitiba (21,85%) e Campo Grande (21,60%).

A menor oferta, o maior nível dos preços internacionais e a demanda firme explicaram os aumentos.

Variação média de preços da cesta básica nas capitais

Em 12 meses, todas as cidades tiveram variações negativas, que oscilaram entre -24,29%, em Belo Horizonte, e -1,76%, em Goiânia.

Entre agosto e setembro, as maiores quedas foram registradas em:

Brasília (-26,01%), Porto Alegre (-19,93%) e Belo Horizonte (-19,17%).

A alta ocorreu em Vitória (5,26%).

As quedas mais importantes ocorreram em Brasília (-4,03%), Porto Alegre (-2,48%) e Campo Grande (-2,32%). As elevações foram observadas em Vitória (3,18%), Natal (3,06%) e Florianópolis (0,50%). A capital catarinense foi a cidade onde o conjunto dos alimentos básicos apresentou o maior custo (R$ 747,64), seguida por Porto Alegre (R$ 741,71), São Paulo (R$ 734,77) e Rio de Janeiro (R$ 719,92).

Nas cidades do Norte e do Nordeste, onde a composição da cesta é diferente, os menores valores médios foram registrados em Aracaju (R$ 532,34), João Pessoa (R$ 562,60) e Recife (R$ 570,20).

Comparação em 2023 e nos últimos 12 meses

Nos primeiros nove meses de 2023, o custo da cesta básica diminuiu em 12 cidades, com taxas mais expressivas em Goiânia (-10,46%), Campo Grande (-9,21%) e Brasília (-9,14%).

Os maiores percentuais foram registrados em Natal (2,50%), Aracaju (2,17%) e Recife (0,90%).

A comparação dos valores da cesta, entre setembro de 2022 e setembro de 2023, mostrou que oito capitais tiveram redução do preço médio, com variações que oscilaram entre -4,98%, em Campo Grande, e -0,30%, em Porto Alegre.

As cestas de outras nove cidades apresentaram elevação, com destaque para os percentuais das capitais do Nordeste: Fortaleza (3,16%), Natal (3,00%), Aracaju (2,63%) e Salvador (1,91%).

São Paulo

Em setembro de 2023, o custo da cesta básica da cidade de São Paulo foi o terceiro maior entre as 17 cidades (R$ 734,77), com variação de -1,83% em relação a agosto.

Na comparação com setembro de 2022, a cesta diminuiu -2,13% e, nos primeiros nove meses do ano, caiu -7,14%.

Diminui valor do salário mínimo necessário

Com base na cesta mais cara, que, em setembro, foi a de Florianópolis, e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o Dieese estima mensalmente o valor do salário mínimo necessário.

Em setembro de 2023, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 6.280,93 ou 4,76 vezes o mínimo de R$ 1.320,00.

Em agosto, o valor necessário era de R$ 6.389,72 e correspondeu a 4,84 vezes o piso mínimo. Em setembro de 2022, o mínimo necessário deveria ter ficado em R$ 6.306,97, ou 5,20 vezes o valor vigente na época, que era de R$ 1.212,00.

Horas de trabalho necessárias

O tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica passou de 109 horas e 01 minuto, em agosto, para 108 horas e 02 minutos, em setembro. Já em setembro de 2022, a jornada média foi de 118 horas e 14 minutos.

Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto de 7,5% referente à Previdência Social, verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu em média, em setembro de 2023, 53,09% do rendimento líquido para adquirir os produtos alimentícios básicos, e, em agosto, 53,57%.

Em setembro de 2022, o percentual ficou em 58,10%.

Fonte: CUT Nacional

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