87% dos acordos coletivos no RS obtêm aumento real no 1º semestre
No primeiro semestre deste ano, 87,5% das categorias que fecharam acordos ou convenções coletivas de trabalho no Rio Grande do Sul obtiveram reajuste salariais acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), usado como base nas negociações.
Os dados são do Salariômetro, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), que utiliza informações coletadas na página Mediador, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). O RS teve 1.313 negociações em 36 categorias de janeiro a junho de 2023. O aumento real foi de 0,67% em média.
No mesmo período do ano passado, o cenário era bem diferente, com apenas 26,08% das categorias conseguindo reajuste acima da inflação, segundo o levantamento.
Queda da inflação
Após atingir a casa de dois dígitos no governo Bolsonaro, a inflação vem caindo no governo Lula, apesar da manutenção das altas taxas de juros, que travam o crescimento da economia e geração de emprego e renda.
O supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) no Rio Grande do Sul, Ricardo Franzoi, afirmou que a queda da inflação melhora o ambiente das negociações coletivas.
“Essas quedas na inflação facilitam muito a obtenção de reajustes superiores, porque as empresas dificilmente vão querer dar abaixo de 3% por exemplo. Na maioria das mesas de negociação, uma das primeiras coisas que é citada na abertura é a possibilidade de arredondar o índice”, destacou Franzoi.
Retomada do emprego
O professor do Programa de Mestrado Profissional de Economia (PPECO) da UFRGS, Maurício Weiss, observou que, além da perda de ritmo da inflação, está a retomada do emprego, o que cria condições para negociações mais benéficas aos trabalhadores.
“Quando tem uma recuperação do mercado de trabalho, quando muda essa dinâmica, os sindicatos têm mais força para conseguirem aumentar os salários do que em um contexto de desemprego elevado, onde os trabalhadores ficam enfraquecidos”, disse Weiss.
A taxa de desemprego no Brasil ficou em 8% no trimestre encerrado em junho, segundo os dados mais recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Trata-se da menor taxa para um trimestre móvel encerrado em junho desde 2014. Na outra ponta, mesmo com sinais de desaceleração, o Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, segue mostrando resultados positivos na geração de postos de trabalho no acumulado do ano.
Expectativas
O economista do Dieese adiantou que parte dos acordos e das convenções no segundo semestre acompanham pauta nacional e já estão encaminhadas. Ele reforçou que o cenário marcado por aumentos reais de salário e queda da inflação ajuda a economia.
“Essa toada de queda de inflação tem reflexo na alimentação das famílias. A tendência é de sobrar mais para o consumo. Isso ajuda a economia a crescer”, apontou Franzoi.
Fonte: CUT-RS com informações de GZH