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09.10.19   |   Geral

Frente em Defesa da Soberania é lançada no RS com ampla unidade política e social

Alexandre Garcia

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Ato em Porto Alegre na segunda (7) reuniu representantes de seis partidos políticos, movimentos sociais e entidades

Um grande passo foi dado na construção da ampla unidade para defender o Brasil do desmonte promovido pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL), com o lançamento da Frente em Defesa da Soberania Nacional no Rio Grande do Sul, nesta segunda-feira (7), no auditório da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Instituições Financeiras (Fetrafi-RS), em Porto Alegre (RS). Com a casa cheia, o ato reuniu movimentos sociais, entidades sindicais e estudantis, lideranças políticas e militantes, artistas e trabalhadores do campo e da cidade. Em comum, a necessidade de unir as forças do campo democrático para barrar a entrega do patrimônio nacional e a destruição dos direitos conquistados pela sociedade brasileira após a redemocratização.

O deputado federal Henrique Fontana (PT), vice-presidente da Frente para o Rio Grande do Sul, apresentou a mesa de lideranças políticas, momento em que ressaltou o caráter pluripartidário da iniciativa: “Essa grande frente é organizada por movimentos sociais e por partidos políticos, de forma absolutamente plural, em defesa da soberania nacional e de um projeto de nação”. A ex-deputada Manuela D’Ávila (PCdoB) também saudou a unidade: “Para nós aqui do Rio Grande do Sul, ter seis partidos juntos, nessa noite celebrando a Frente em Defesa da Soberania não é pouca coisa”. O ato contou com a presença de lideranças de cinco partidos do campo progressista: PT, PCdoB, PSOL, PDT e PSB. Junto, compondo a mesa, esteve também o ex-senador Roberto Requião (MDB), presidente de honra da frente. Movimentos sociais estiveram representados pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo e pela Via Campesina. O ato contou ainda com a representação da União Nacional dos Estudantes (UNE) e do Fórum Inter-Religioso.

O presidente estadual do PDT-RS, deputado federal Pompeo de Mattos, disse que a defesa da democracia e da soberania nacional “nos chama a responsabilidade. Somos aqui vários partidos. Não somos partidos iguais, mas todos temos a mesma convicção. Ou nós nos unimos ou não restará nada no país para defendermos. O PDT não vai faltar nesta hora de ação e luta pela soberania”.

Representando a direção nacional do PSB, Vicente Selistre, disse que os socialistas também estão comprometidos com essa agenda em nível nacional. Lembrou dos ataques feitos contra a CLT, aos movimentos sindicais, agora ameaça é sobre a constituição de 88. “Temos que nos mobilizar”, afirma.

O lançamento no RS, que contou com a articulação do Brasil de Fato RS e da Rede Soberania, faz parte de uma agenda nacional de defesa da soberania através da reativação da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Soberania Nacional, lançada ainda no governo Temer (MDB), em 2017, na época sob presidência de Requião. Em 2019, presidida pela senadora Zenaide Maia (PROS/RN), conta com o apoio de 232 deputados federais e 27 senadores. Nos estados, já foi lançada em São Paulo e tem lançamentos previstos em Santa Catarina, ainda em outubro, e Rio de Janeiro, em novembro.

Entre as participações musicais de Nei Lisboa, grupo Unamérica e Demétrio Xavier, o cineasta Jorge Furtado celebrou a instalação da frente reunindo uma diversidade de atores políticos, o que abre perspectivas para a reconstrução do país. “Só o fato de estar numa sala onde ninguém acha que a terra é plana já é um alento”, ironizou. “Nós vamos reerguer o Brasil a partir das cidades”, concluiu. A jornalista Kátia Marko, representando a Frente Povo Sem Medo, ressaltou a união para superar as adversidades, mencionando o filme Torre das Donzelas. “O silêncio ajudou a perpetuar as coisas mais nocivas que passamos, como a ditadura. Não temos o direito de ficar em silêncio, não podemos nos calar”, bradou.

União também estava na fala da vice-presidenta da União Estadual dos Estudantes (UNE), Gabriela Silveira. “É fundamental que cada vez mais estejamos unidos para derrotar esse governo. Temos hoje grandes batalhas, os cortes na educação, o ataque as universidades e institutos federais”, disse. Para Rita Serrano, representante da Federação Nacional das Associações do pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) e coordenadora do Comitê em Defesa das Empresas Públicas, falar em soberania é falar em emprego. “A cada momento nos deparamos com novos desafios, um novo desmantelamento, é por isso a crise em que o país está colocado, não tem investimento, não tem projeto. Fiz um artigo para desmistificar o que se diz sobre as empresas públicas, sobre mitos e fatos, para ajudar nesse debate.

Dois ex-governadores do RS, Olívio Dutra e Tarso Genro, se manifestaram pela necessidade de participação social na luta contra o atual projeto antinacional do governo federal. “A democracia do nosso país mais uma vez foi golpeada. Como em agosto de 2016, outros golpes já aconteceram e somos nós, o povo brasileiro, que a resgata construindo uma democracia radical, que significa ir na raiz do problema. Portanto, a frente deve unir todas as forças que lutam pela democracia, indo na raiz do problema, nas injustiças, nas diferenças, não como uma obra pronta e fechada, mas como uma obra aberta que para nós é estratégica. Nós queremos, portanto, que cada um e cada uma de vocês sejam sujeitos desse processo”, afirmou Olívio.

Tarso também ressaltou o sentido estratégico da unidade política e cultural em defesa de um projeto de nação soberano. Fez uma saudação especial a dois convidados que simbolizam os frontes que, segundo ele, representam a todos. “Saúdo o senador Requião, bravo lutador, referência política de um projeto nacional de disputa com o império e do domínio do capital financeiro sobre a vida pública, sobre a comunicação e sobre a cultura; por isso eu não posso deixar também de mencionar aqui quem sintoniza e representa todos nós por esse sentido, o nosso querido Nei Lisboa”. Para ele, há uma simbiose da tragédia com a manipulação e a extinção da política no país que, para ser derrotada, necessita de enfrentamento e participação da militância social e partidária.

Roberto Requião ressaltou a luta antiga entre capital e o trabalho, que se manifesta de forma intensa atualmente, com o ataques aos direitos conquistados e às empresas públicas. “A Petrobras é fundamental para o desenvolvimento do país. O Brasil passa por uma crise econômica grave com elevado desemprego e as medidas do governo vão apenas na direção do ajuste fiscal e da redução de direitos sociais” critica. Ele recordou que esse processo de submissão tem origem na chamada Ponte para o Futuro, “projeto de alguns economistas ligados a bancos e apresentado pelo MDB, que coloca o país como de segunda categoria, associado aos interesses do capital financeiro e de interesses geopolíticos”. Com a rejeição do projeto pela então presidenta Dilma Roussef, se articulou o golpe de 2016.

“A frente que queremos construir tem que se opor ao liberalismo econômico e ao fim da nossa soberania”, aponta Requião. Citando exemplos de países como Alemanha e Estados Unidos, que recuperaram estruturas recessivas com participação pesada do Estado, ele conclui, sob aplausos: “precisamos de um referendo revogatório para tudo o que o governo Bolsonaro fez e está destruindo”.

O ex-ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, lembrou que, quando foi prefeito de Belo Horizonte, buscou inspiração nas experiências positivas do Orçamento Participativo, na gestão de Olívio Dutra frente á prefeitura da capital gaúcha. A partir disso, falou sobre a necessidade de condições dignas de vida ao povo brasileiro e criticou o patriotismo que declara amor à bandeira mas vende o patrimônio público e destrói direitos do povo. “De bariga vazia ninguém pensa, ninguém exerce sua dignidade humana e cidadania, é fundamental que a defesa do povo brasileiro tenha condições dignas de vida para defender a soberania. Nós temos um presidente bate continência para a bandeira dos Estados Unidos e não esconde sua subserviência”, critica.

“Para a nação se realizar, é preciso garantir que seu povo coma, tenha teto, para que nossos filhos tenham escola, que se produza alimentos com qualidade para que esse povo coma”, disse Manuela D’Ávila, criticando a elite brasileira que nem mesmo pensa em construir um projeto nacional. “Nesse momento da história do nosso país, em que somos governados por esse projeto neoliberal que tem o Bolsonaro à frente, fica mais claro que temos mais uma vez uma espécie de governo colonial. Ou seja, a ideia de uma nova colônia, ou neocolonial, é nítida”, explica. Dada essa realidade, além da necessidade de uma unidade ampla real, que já está em prática com a frente, ela entende que é preciso a aceitação das diferenças. “Se os nossos partidos querem estar a altura desse desafio, nesse tempo histórico de liquidação, onde nosso povo é exilado nas comunidades, se nós verdadeiramente acreditamos que a democracia está ameaçada, se tudo que nós vemos e dissemos constantemente nos é caro, nós temos que sublimar as diferenças que são menores do que a luta em defesa do Brasil, que a vida dos trabalhadores brasileiros”, conclui.

A deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL) destacou a agenda ultraliberal do governo Bolsonaro, com aprofundamento do domínio do capital financeiro e piores perspectivas para os trabalhadores. “O Brasil é a segunda nação mais desigual do mundo em concentração de suas riquezas. Existe no governo um setor da burguesia que defende uma contrarrevolução preventiva e a todo momento quer restringir as liberdades democráticas previstas na Constituição de 88”, denuncia. A deputada também ressaltou os ventos da América Latina, que podem ajudar a pensar o Brasil: “Neste momento está ocorrendo uma insurreição no Equador contra o governo imperialista de Lenin Moreno, que traiu o povo, que atacou o povo indígena, e os mesmos que o apoiaram lá atrás saem às ruas. Também no Peru, o regime está em crise cambaleante pelas relações espúrias dos agentes privados envolvidos com agentes públicos, corrupção generalizada das empreiteiras. Ao mesmo tempo, a esquerda está ocupando as ruas, lutando por um novo regime contra a corrupção, por novas eleições e uma constituinte, e não deixou espaço para a extrema-direita crescer”.

Coletiva

Horas antes, Roberto Requião e Patrus Ananias fizeram uma coletiva com jornalistas, onde falaram da importância da frente diante do cenário atual, assim como a defesa da soberania nacional e tudo que ela envolve: defesa da Petrobras, meio ambiente, das comunidades indígenas e da situação econômica.

Fonte: Brasil de Fato

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