Indústria Determinará A Recuperação Gaúcha


O comportamento da indústria nos próximos meses será o fiel da balança na retomada da atividade da economia gaúcha.

O economista da Fundação de Economia e Estatística (FEE) Martinho Lazzari disse, ontem, que a queda na produção física do setor no primeiro bimestre foi muito mais intensa que a do fechamento do ano, ficou em 20,6% frente ao mesmo período de 2008, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e que ainda não há indicadores claros de uma retomada.

Lazzari destacou que o recuo da atividade em colocou a perder ganhos dos últimos nove anos. "Em dois ou três meses, perdemos nove anos de crescimento", reforçou o economista.
O impacto da crise global na economia gaúcha foi tema principal da Carta de Conjuntura, divulgada ontem pela fundação. Para o economista, os primeiros indicadores do ano revelam manutenção das dificuldades.

O volume de exportações também foi fortemente afetado. A redução foi de 31% em janeiro e fevereiro. O peso dos negócios externos na atividade varia de 15% a 20% na atividade econômica local, o que determina maior influência no desempenho do Produto Interno Bruto (PIB).
Lazzari analisou o comportamento do Índice Trimestral da Atividade Produtiva (Itap), calculado pela FEE e que é considerado uma prévia do PIB, e indicou que a indústria apresentou maior recuo no último trimestre, entre os outros segmentos que estão na cesta do Itap - agropecuária e serviços.

O setor de indústria de transformação caiu 7,8% no confronto com o quarto trimestre de 2007. Com isso, o Itap reduziu 3,7% na mesma comparação. "O comportamento da indústria foi decisivo para esse resultado, mesmo pesando 27,6% do índice", analisou. Já serviços, que respondem por 62,29% do cálculo, reduziram o ritmo em menos grau, - 1,3%. A agropecuária, 10,06% do Itap, recuou 0,7%.

A Carta de Conjuntura também avaliou a situação da economia mundial, que indica dificuldades de solução principalmente para os setores financeiros. O economista André Luís Forti Scherer criticou medidas adotadas nos Estados Unidos. Para Scherer, a superação da crise e o retorno de uma maior tranquilidade ao setor bancário dependem de um conjunto de ações que não incluem apenas política fiscal e monetária.

"O encadeamento e integração econômica exigem adoção de medidas conjuntas, sob liderança dos Estados Unidos", ressaltou. Scherer reforçou preocupação com os rumos da recuperação ante a manutenção de valorização de ativos de bancos, mesmo com falta de liquidez. "O problema é a falta de confiança", apontou, ressaltando que a crise no sistema financeiro americano está longe de ser debelada.



Fonte: JC