Impactos do temporal em Porto Alegre evidenciam consequências da privatização


O Rio Grande do Sul ainda enfrenta sérias repercussões após o intenso temporal que atingiu o estado na noite de terça-feira (16), deixando mais de 600 mil clientes sem energia elétrica, principalmente na Região Metropolitana. O governador Eduardo Leite (PSDB) tem direcionado críticas à atuação da CEEE Equatorial, empresa privatizada em 2021, pela sua gestão.

Em uma coletiva realizada na tarde de quarta-feira (17), o prefeito bolsonarista de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), que votou favoravelmente à privatização da CEEE Equatorial em 2019, reclamou que a empresa não responde aos telefonemas da prefeitura.

A CEEE Equatorial divulgou comunicados informando que apenas 56% dos usuários afetados pelo temporal tiveram o fornecimento de energia restabelecido até o momento, estendendo até domingo o prazo para atingir a normalidade do serviço.

A empresa enfrenta críticas crescentes, incluindo uma multa de R$ 24,3 milhões aplicada pela Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul (Agergs) devido à baixa qualidade dos serviços prestados.

Além dos problemas com a energia, o temporal deixou um rastro de destruição e causou a morte de pelo menos duas pessoas. Uma delas foi atingida pela marquise de um supermercado em Cachoeirinha, na Região Metropolitana, e a outra em São Vicente do Sul, onde um idoso morreu durante a transferência de um hospital evacuado devido aos ventos.

Privatização dos serviços essenciais
O presidente em exercício da CUT-RS, Everton Gimenis, destacou que os eventos recentes reforçam a problemática da privatização de serviços essenciais. Ele argumentou que empresas privadas, visando reduzir custos e maximizar lucros, negligenciam o bem-estar da população.

Gimenis também observou que, além de ter votado a favor da privatização da CEEE Equatorial quando era deputado, o prefeito Melo agora busca privatizar o DMAE, reconhecido como o melhor serviço de tratamento e abastecimento de água.

“A população, que antes se orgulhava de consumir água da torneira, agora enfrenta a crise decorrente das gestões liberais de Marchezan e Melo. Ele quer desmantelar o DMAE, enfraquecendo com falta de concursos e terceirização de serviços, preparando o caminho para a privatização. Assim, o verdadeiro culpado da crise não é o DMAE, mas a gestão municipal que priorizou a privatização, comprometendo a qualidade dos serviços essenciais", denunciou Gimenis.

A Defesa Civil registrou mais de 500 chamados, principalmente relacionados a quedas de árvores, postes e destelhamentos em pelo menos 25 cidades gaúchas.

Melo, que também foi favorável a extinção da Secretaria de Meio Ambiente (SMAM)), agora está solicitando empréstimos ou doações de motosserras para a remoção de árvores.

O governador Leite afirmou que, se a prestação de serviços da CEEE Equatorial não melhorar, pode ocorrer um processo de retirada da concessão.

Fonte: CUT-RS com informações de Brasil de Fato e Sul21