Pauta racial ainda é desafio para o movimento sindical


O movimento sindical ainda tem muitas dificuldades em pautar a questão racial no seu dia a dia. E antes de querer mudar a sociedade, os representantes dos trabalhadores precisam estar convictos de que a pauta racial é fundamental para diminuir as desigualdades e desenvolver o país de verdade.

Essa foi uma das reflexões tiradas do seminário “Divisão Racial do Trabalho: Implicações para a garantia das condições materiais, sociais e políticas que estruturam o cotidiano das(os) trabalhadoras(es) negras(os) no Brasil”, realizado na última quarta-feira, 29 de novembro.

A organização do evento foi da CNM/CUT, como parte da celebração da Consciência Negra, data celebrada em novembro.

Para a secretária de Igualdade Racial da CNM/CUT, Christiane Aparecida dos Santos, não há como pensar no desenvolvimento do Brasil sem olhar para os 56% da população que se dizem pretos ou pardos.

“Nós vemos claramente onde estão os trabalhadores e trabalhadoras negros e negras na sociedade quando estamos numa fábrica, quando a gente entra num shopping. Mesmo no movimento sindical, os negros e negras não estão nos espaços de poder, que são ocupados por homens brancos e velhos. Infelizmente ainda não existe um tratamento prioritário às questões de raça, gênero e a questão LGBTQIA+”, afirmou a sindicalista.

A abertura do evento, que foi comandado por Christiane, teve a saudação do presidente da CNM/CUT, Loricardo de Oliveira. Em seguida, a técnica da subseção Dieese da Confederação, Renata Filgueiras, trouxe uma apresentação mostrando dados da população negra no mercado de trabalho no país.

A procuradora do Trabalho, Coordenadora da Coordigualdade do MPT-SP e Coordenadora do Projeto Nacional de Inclusão de Jovens Negras e Negros do MPT, Dra. Valdirene Assis, fez uma fala com um recorte de gênero e raça ao falar das conquistas históricas de direitos das mulheres negras e a luta contra opressão até os dias de hoje.

Por fim, a secretária de Combate ao Racismo da CUT Nacional, Maria Júlia Reis Nogueira, fez um quadro amplo de como a população negra brasileira está colocada de forma subalterna na nossa sociedade e de como isso impede o país de ter uma democracia plena.

“A gente viu recentemente a dona Vilma Nascimento, ex-porta-bandeira da Portela, que havia sido convidada para uma homenagem no Congresso Nacional, ser vítima de racismo no aeroporto de Brasília. Trago esse exemplo pois essa é a história que sempre se repete no nosso país: qualquer negro ou negra no Brasil ao entrar numa loja pode ser vítima de racismo”, denunciou a dirigente cutista.

Fonte: CNM/CUT