Metalúrgicos/as vão fazer parte do Conselho de Desenvolvimento da Indústria


Dirigentes metalúrgicos da CNM/CUT, da IndustriALL Brasil, da Força Sindical, além de técnicos do DIEESE, estiveram em Brasília na última quarta-feira (19) em encontros com o Secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Uallace Moreira, e com o Secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello.

Nos encontros, foram apresentadas propostas de desenvolvimento da indústria nacional, focadas em três setores: indústria naval, indústria de bens de capital e indústria siderúrgica.

A CNM/CUT vem conversando com representantes da indústria e do governo federal sobre esses setores nos últimos meses, aprofundando debates sobre a reindustrialização brasileira, a partir do Plano Indústria 10+, articulado pelo movimento sindical.

“O resultado dessas conversas foi um compromisso firmado com o governo de que será constituído um conselho de desenvolvimento da indústria no país e os trabalhadores serão atores importantes nesse conselho”, afirmou o secretário-geral da CNM/CUT, Loricardo de Oliveira.

O presidente da IndustriALL Brasil, Aroaldo de Oliveira, destacou que esse diálogo só é possível pela postura democrática e republicana do governo federal com os trabalhadores."A participação dos trabalhadores no debate da política industrial só é possível pela existência de um governo progressista e popular", disse o dirigente. "Saímos dos encontros com a certeza que o governo vai desenvolver os temas e com a participação dos trabalhadores", complementou.

Portas abertas na Indústria

O secretário do Ministério da Indústria, Uallace Moreira, foi bastante receptivo à pauta dos trabalhadores, e pontuou que foi a primeira vez que ele recebeu sindicalistas no ministério. Moreira afirmou também que a defesa da indústria propagada pelo Ministério tem como finalidade a defesa do emprego e que os sindicatos devem estar presentes nessa batalha.

“Tivemos a oportunidade de conversar com secretário Uallace sobre as diretrizes gerais e transversais referentes aos segmentos de bens de capital, naval e siderúrgico, sobre geração de emprego de qualidade e o aumento da complexidade industrial nesse setores econômicos para buscar um caminho de sair da armadilha da renda média, como é chamada pelos economistas”, disse a economista da subseção do Dieese na CNM/CUT, Renata Filgueiras.

A economista também destacou que foi conversado no encontro a diretriz fundamental da transição energética na indústria, pautada no conceito de transição justa para trabalhadores e comunidades afetadas.

“Quando se vai efetuar um processo de transição especial com novos empregos verdes, os chamados verdes sustentáveis, isso deve ser dialogado com trabalhadores inclusive para que essa transição seja justa para todas as partes. E reivindicamos também transparência e participação dos trabalhadores nas formulações, implementações e monitoramento das políticas industriais que têm sido debatidas pelo governo”, completou Renata.

Alerta sobre arcabouço fiscal na Fazenda

Já no encontro com o secretário Guilherme Mello, além de apresentar propostas sobre os três setores da indústria, os sindicalistas revelaram preocupação com os critérios do novo arcabouço fiscal anunciado recentemente pelo Ministério da Fazenda, temendo que esses critérios possam inviabilizar parte da capacidade de investimento do Estado brasileiro para obter o crescimento econômico esperado pelo próprio governo.

“Tratamos também da questão tributária e fiscal, e de um tema específico que é a renovação do maquinário industrial brasileiro pretendida pelo governo, pois isso tem muito a ver com uma discussão que o movimento sindical faz sobre a norma NR 12, e cobramos do governo que os trabalhadores também estejam nessa discussão”, afirmou Loricardo Oliveira.

O sindicalista recorda que a renovação do maquinário afeta diretamente o setor de bens de capital, um dos debatidos nos encontros, e que é preciso ter preocupação com os empregos na hora da troca das máquinas.

“Temos o exemplo dos tratores, que ganharam 10 anos para troca de equipamentos e equipamentos de proteção. É preciso ver como isso será financiado e que sejam fabricadas com tecnologia que não diminua empregos, entre outros pontos”.

Fonte: CNM/CUT