Trabalhadores têm conquistado mais ganhos reais nas negociações em 2023


Cerca de 69% dos 149 reajustes salariais analisados pelo DIEESE em diversas categorias, no mês de fevereiro até o início de março de 2023, resultaram em ganhos reais aos salários em comparação com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), uma das medidas usadas pelo IBGE para verificar o índice de inflação.

O desempenho das negociações salariais de fevereiro ficou semelhante ao das duas datas bases anteriores, em especial à de dezembro de 2022, em que predominaram os reajustes acima do INPC.

O Dieese identifica que a partir de outubro do ano passado o gráfico mostra tendência de alta nos reajustes salariais, crescendo a partir do mesmo mês.

Se a tendência positiva se manter, juntando-se a isso as medidas do novo governo Lula para reaquecer a economia, a expectativa é de ter ganhos reais nas negociações do segundo semestre, onde grande parte dos metalúrgicos possui data base pelo país.

Para o presidente da CNM/CUT, Paulo Cayres, o Paulão, a chegada do governo Lula vai acelerar o número de negociações com ganhos reais aos trabalhadores, repetindo os ganhos nos governos petistas anteriores.

“Nas eleições muitas vezes passam despercebidas, mas é importante que os/as trabalhadores/as percebam em qual governo a vida dele/dela foi melhor, onde ele/ela teve melhores negociações ou o maior número de negociações vitoriosas, que é isso que prevê a democracia: um avanço com aumentos reais no seu salários, e claro, a distribuição de renda”, afirma o dirigente, que complementa: “Neste ano vamos estar atentos para continuar ampliando os nossos direitos, daí a importância de prestar atenção quando a gente elege um representante do povo”, complementa Paulão.

Segundo o secretário-geral da CNM/CUT, Loricardo de Oliveira, a política de valorização do Salário Mínimo do governo Lula, que já indicou que terá aumento real todo ano, contribui muito para estas conquistas salariais.

O dirigente destaca que neste sentido acontece outro impacto, que é a discussão das outras cláusulas que fazem parte da Convenção Coletiva numa campanha salarial. Ele também ressalta a importância das negociações coletivas nacionais.

Campanha salarial em Minas

Algumas negociações salariais ligadas aos metalúrgicos já começaram a ocorrer pelo Brasil. Em Minas Gerais, o setor de reparação de veículos, com data base em março, já terminou a negociação.

Segundo o secretário de comunicação da CNM/CUT, Heraldo Silva Ferreira, a negociação teve um início difícil com a representação patronal, que apresentou propostas de retirada de algumas cláusulas e modificações de outras, argumentando que tais mudanças trariam mais segurança jurídica.

Porém a comissão negociadora, representante dos trabalhadores, argumentou que as negociações deveriam se ater à pauta de reivindicações e desta forma foi possível trazer mais ganhos aos trabalhadores.

“Nós construímos um acordo que no nosso entendimento foi um muito vantajoso. O piso teve 2% de aumento real acima da inflação, tivemos ganhos importantes de aumento real de salário. Também conseguimos aumentar o Abono Único Especial em 17% (dezessete por cento),o que garante aos trabalhadores deste setor receber uma parte do lucro, já que a maioria das empresas são pequenas, com até 10 (dez) funcionários e não negociam acordo de PLR. A campanha teve boa participação dos/as trabalhadores/as em assembleias e reuniões em porta de fábrica e esta participação contribuiu muito para as conquistas”, relatou o dirigente.

Fonte: CNM/CUT