Metalúrgicos E Mwm International Fecham Acordo Em Canoas


Geraldo Muzykant

Acordo é inédito porque prevê redução da jornada e, em vez de redução, a retenção de salários pela empresa. Neste caso, as “perdas” seriam devolvidas quando ela recuperasse a capacidade produtiva normal.

Reunidos em três assembleias por turnos, realizadas na manhã e tarde de hoje na sede do sindicato, cerca de 400 dos 800 trabalhadores e trabalhadoras da MWM International – empresa subsidiária da norte-americana Navistar International, uma das principais fabricantes de motores a diesel do mundo e líder em tecnologia e desenvolvimento de motores a diesel da América Latina – decidiram aprovar por unanimidade a proposta amadurecida entre sindicato e empresa na mesa de negociações na semana passada.

Nas negociações, os dirigentes sindicais conseguiram baixar os percentuais propostos inicialmente pela empresa, que tentava reduzir 25% na jornada de trabalho e nos salários. A proposta final prevê a redução de 20% na jornada semanal de trabalho durante os meses de fevereiro, março e abril, com a redução temporária de 15,75% dos salários. Em troca, a empresa garantiria o emprego de todos funcionários até, no mínimo, a segunda quinzena de junho, quando aposta no fim da turbulência causada pela crise econômica mundial. Também permitiria a criação de uma comissão de fábrica nos moldes da comissão existente na unidade de Santo Amaro, em São Paulo.

“A crise não foi gerada pela classe trabalhadora e, portanto, não é justo que ela pague a conta. Fomos para a negociação com a empresa defendendo os nossos princípios de não fechar acordos prevendo perdas salariais e flexibilização de direitos. No entanto, como o emprego e a dignidade fazem parte de nossa luta, aceitamos negociar um acordo com alguns condicionantes. Insistimos que, em vez da redução, houvesse a retenção de salários, que seriam devolvidos quando a empresa voltasse a produzir normalmente.

Os trabalhadores poderiam reaver as perdas salariais a que foram forçados, pelas circunstâncias, a negociar”, argumenta Nelson Luiz da Silva, o Nelsinho, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos. Pelo acordo, depois de seis meses de estabilidade, a empresa devolveria a metade do montante salarial retido. Posteriormente, devolveria a outra metade. E a comissão de fábrica iria monitorar a questão.

Segundo levantamento do sindicato, esta seria a primeira negociação prevendo não a perda, mas a devolução de tudo o que foi reduzido nos salários. “Nada mais justo! O dinheiro é do trabalhador e tem que voltar para o seu bolso”, reitera o presidente Nelsinho.






Fonte: Sindicato de Canoas