Preços de alimentos puxam para cima índice de inflação em março


Inflação do mês de março sobe mais do que a de fevereiro, puxada pelo aumento dos preços dos alimentos mas, para a ministra da agricultura isso não é problema porque no Brasil o que não falta é manga pra comer

A inflação voltou a subir no mês de março, puxada, principalmente, pela alta nos preços dos alimentos, bebidas e transportes. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 0,75%. Este é o maior índice para o mês de março desde 2015 (1,32%) e acima 0,32% de fevereiro último (0,43%), segundo pesquisa divulgada na quarta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Entre os grupos que mais contribuíram para a alta dos preços estão os da alimentação e bebidas (1,37%) e transportes (1,44%). Juntos, estes dois grupos, que representam cerca de 43% das despesas das famílias, responderam por 80% do índice do mês, com impactos de 0,34% e 0,26% respectivamente.

Enquanto a inflação corrói o poder de compra das famílias brasileiras, especialmente as mais pobres, que mal conseguem pôr à mesa um prato com feijão, preferência nacional cujo preço disparou e aumentou quase 13% em um mês, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, parece viver numa realidade paralela, ou melhor no mundo dos ricos, bem alimentados e bem vestidos que nada sabem sobre a vida real.

Na terça-feira (9), véspera do anuncio do IBGE, a ministra disse que brasileiro só passa fome porque quer, pois não aproveita a grande quantidade de mangas existentes no país.

“Nós não passamos muita fome porque temos manga nas ruas em nossa cidade e clima tropical”, disse a ruralista Tereza Cristina.

Mas, como brasileiro não pode viver só de manga, como a maioria não vive em cidades onde tem árvores frutíferas em todas as ruas, e como a fruta tem época certa – as mangueiras produzem frutos de setembro a janeiro, viu ministra? -, as famílias brasileiras precisam enfrentar os preços nos supermercados, se assustar e, muitas vezes, voltar para casa com menos do que pretendiam.

Os preços que estão custando os olhos da cara

Em março, os maiores aumentos no grupo de alimentos foram registrados no tomate (31,84%), batata-inglesa (21,11%), feijão-carioca (12,93%) e as frutas (4,26%).

O feijão, prato preferido pela maioria dos brasileiros é um dos produtos que mais vem registrando aumento. O feijão carioca acumula alta de 105% no primeiro trimestre deste ano, e de 135,04% nos últimos 12 meses.

Em São Paulo, por exemplo, onde a variação do IPCA foi maior (0,78%) do que a média nacional (0,75%), uma pesquisa feita pela reportagem do Portal CUT pela internet mostra que os preços estão absolutamente inviáveis para quem ganha até um salário mínimo.

O quilo do feijão carioca, por exemplo, está variando de R$ 9,79 a R$ 7,49. O quilo do tomate tipo italiano chega a custar R$ 14,00 e o a granel R$ 9,98. Já o preço da batata inglesa é praticamente proibitivo - o quilo chega a até R$ 14,15 nos supermercados da capital paulista.

As frutas também não estão com preços nada saudáveis. O quilo da maçã Fuji chega R$ 8,68 e da banana nanica R$ 5,71.

O preço dos alimentos variou muito nas Regiões do país – de 0,80% em Rio Branco (AC) a 3,38% em São Luís (MA) - uma diferença de 2,07%.

Combustíveis têm maior alta

O produto que mais impactou no índice da inflação foi a gasolina, que aumentou 2,88% entre fevereiro e março, respondendo por 0,12% do IPCA. Já o etanol subiu 7,02%, mas respondeu por apenas 0,06 % do índice geral.

Inflação nos Estados

Já nos estados, as maiores variações que impactaram no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de março foram registradas na capital do Maranhão, São Luís (1,36%). E a menor foi encontrada em Goiânia, capital de Goiás (0,29%).


Fonte: CUT Nacional