Atualização do MAB: Quarto dia do Crime da Vale em Brumadinho


O rompimento da barragem de Córrego do Feijão, que pertence a mineradora Vale S.A, que aconteceu na sexta-feira (25), na cidade de Brumadinho (MG), devastou povoados, provocou mortes e deixou centenas de pessoas desaparecidas por uma avalanche de lama. O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) está na região de Brumadinho e solidariza a população e as famílias atingidas. Através dos canais de comunicação do MAB é possível ter informações precisas e em tempo real do crime em Brumadinho. 

Acompanhe os dados do crime até agora:

- 60 Vítimas fatais;

- 19 vítimas fatais identificadas;

- 292 pessoas sem contato/desaparecidos, entre trabalhadores e moradores de Brumadinho;

- 192 pessoas resgatadas pelo Corpo de Bombeiros;

- Não existe o risco de rompimento da barragem B6;

- 12 milhões m³ de rejeitos foram despejados pela Barragem da Mina de Córrego do Feijão;

- O rejeito chegou ao Rio Paraopeba;

- Existe o risco iminente de que o rejeito chegue ao rio São Francisco;

-A lama pode chegar a 19 municípios, comprometendo o abastecimento de água de cerca de 1 milhão de pessoas;

-Justiça bloqueia bens da Vale avaliados em R$ 11 bilhões;

- Ibama multa Vale em R$ 205 milhões;

- Governo de Minas Gerais multa Vale em R$ 99 milhões;


Acompanhe as informações no site do MAB.


Confira a nota do MAB:

Mais uma vez a história se repete como tragédia. De um lado a Vale S.A, grande mineradora mundial, e do outro o povo brasileiro, buscando juntar corpos enterrados na lama de empresas criminosas.

Este 25 de janeiro será marcado pelo rompimento de três barragens de rejeito de minério da Mina Córrego do Feijão, que faz parte do Complexo Paraopeba. A barragem de responsabilidade da empresa Vale está localizada no município de Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais. Estima-se que 14 milhões de m³ de rejeitos foram despejados no Rio Paraopeba, um dos principais afluentes do Rio São Francisco. As autoridades informam que cerca de 150 pessoas estão desaparecidas.

As evidências de mais um crime socioambiental de incalculáveis dimensões nos agridem novamente. O poder público não escutou as comunidades e atuou em favor do poder corporativo para flexibilizar as licenças de ampliação do complexo de barragens em dezembro de 2018.

Nós do MAB entendemos que se trata de um crime continuado pela Vale contra o povo brasileiro. Há três anos do crime da Samarco com o estouro da barragem de Fundão, em Mariana, nenhuma casa foi construída, não sabemos o número de pessoas atingidas, não temos estudo sobre os impactos na saúde, as mulheres não são reconhecidas como atingidas, entre outras tantas violações ambientais e de direitos dos atingidos. O poder judiciário até hoje não responsabilizou nenhum dos diretores das empresas envolvidas pelo crime e não assegurou a reparação integral das famílias. Muito pelo contrário, tem atuado na seletividade punitiva, criminalizando a manifestação das famílias, os movimentos populares e as organizações da sociedade civil.

É importante destacar que a companhia Vale S.A já foi uma empresa do povo brasileiro, mas nos anos 90 foi privatizada. O que vemos atualmente é uma empresa superpoderosa que atua para o lucro dos acionistas, mas não tem qualquer compromisso com a vida humana e o meio ambiente.

Mais uma vez essas grandes empresas e a conivência dos governos demonstram as suas prioridades pelas taxas de lucro em detrimento da qualidade de vida da população. Não há desenvolvimento regional, há destruição de vidas e contaminação dos rios e da natureza.

O MAB convoca o povo brasileiro, pelo espírito de solidariedade e justiça social que nos move, a apoiar as famílias atingidas pelo rompimento da barragem de Brumadinho. Já estamos na região e estamos movendo muitos atingidos de todo o Brasil nessa tarefa de solidariedade e apoio às vítimas, ao lado de tantos outros atingidos e atingidas da bacia do Rio Doce e litoral capixaba que já se voluntariaram ao dever de companheirismo.

Seguimos lutando por justiça em Mariana, em Brumadinho, na bacia do Rio Doce, no litoral capixaba e em defesa do São Francisco.

Exigimos justiça em mais este crime, que a morte de pessoas, de animais, dos rios e do meio ambiente não fiquem mais uma vez impunes.

Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)


Fonte: MAB