Indústria Paulista Demitiu 130 Mil


São Paulo — A demissão de 130 mil trabalhadores da indústria paulista no mês de dezembro bateu todos os recordes da série histórica da pesquisa realizada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), iniciada em 1994.

Foi também a primeira vez que todos os 21 setores industriais pesquisados demitiram empregados desde que a entidade faz a contabilidade do nível de emprego por setor, em junho de 2005. Ainda sem previsões oficiais para o desempenho do emprego, a Fiesp acredita que as demissões vão continuar nos primeiros meses deste ano.

O resultado de dezembro foi suficiente para puxar para território negativo o desempenho da indústria paulista no ano passado. No acumulado de 2008, houve corte de 7 mil empregos, uma baixa de 0,27% ante 2007. Até novembro, o acumulado de 11 meses estava positivo em 5,66%. Apesar de já esperarem uma forte redução do nível de emprego em dezembro, a Fiesp foi pega de surpresa pelo saldo negativo de vagas na indústria paulista no ano passado, admitiu o diretor do Departamento de Pesquisas Econômicas) da entidade, Paulo Francini. 'Tínhamos a perspectiva de que terminaríamos o ano com leve alta, de mais ou menos 2%', disse o economista.

Segundo ele, a surpresa ocorreu devido a uma característica da atual crise financeira que é incomum em relação às outras: a velocidade com que se instalou. 'Uma característica dessa crise é a extrema velocidade das mudanças. Não só a velocidade, a violência também. Em três meses (a partir do mês de outubro de 2008) perdemos todos os empregos que acumulamos no resto do ano', explica.

Na avaliação de Francini, as recentes medidas do governo, como o início do corte da Selic e o aumento de capital do BNDES em R$ 100 bilhões são positivas, mas apenas atenuam os efeitos da crise. A exemplo do que já havia dito o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, Francini reforçou que o BC agiu 'tardiamente' ao iniciar apenas na semana passada o ciclo de redução do custo do dinheiro.

Segundo ele, os esforços para resolver a escassez de crédito também devem ser direcionados contra os níveis de spread bancário – diferença entre o juro do crédito e o custo de captação dos recursos.







Fonte: Correio do Povo