Centrais Sindicais Divididas


De um lado, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), principal central sindical do país, se nega a sentar à mesa para negociar com empresários saídas para a turbulência se o assunto incluir redução de salários. De outro, a Força Sindical não descarta a diminuição de salários com redução de jornada para manter empregos, desde que as alternativas tenham se esgotado.

Recentemente, a Força participou do fechamento de um acordo entre metalúrgicos da Renault no Paraná, que tiveram os contratos de trabalho suspensos por cinco meses – mas com diversas contrapartidas, explica o presidente da Força no Rio Grande do Sul, Cláudio Janta. Uma delas é a garantia de estabilidade no emprego por 10 meses após a volta. Se a CUT considera inaceitável sequer discutir a possibilidade de perder direitos, Janta rebate dizendo que a Força simplesmente está escutando o que os sindicatos desejam.

– Cada um sabe onde aperta seu sapato. Escutamos nossos filiados e saímos com a posição de reduzir jornada apenas em último caso, mas a prioridade segue sendo manter os empregos – afirma Janta.

O presidente da CUT no Estado, Celso Woyciechowski, diz não se preocupar com ficar de fora das conversas, como ocorreu em São Paulo nas reuniões com a Federação das Indústrias. Woyciechowski afirma confiar na capacidade da central de mobilizar trabalhadores.

– Vamos negociar à exaustão, desde que isso não parta da possibilidade de reduzir salários – diz o presidente da CUT-RS.

O cientista político Reginaldo Moraes, da Universidade de Campinas, lembra que as diferenças entre as centrais vêm desde os anos 1980. A CUT, criada por sindicalistas ligados ao movimento grevista do ABC paulista, por exemplo, também sempre foi mais ligada ao PT e ao presidente Lula. Segundo Moraes, o estilo Lula de liderança é de muita negociação, mas também de combate.

– Sempre havia a possibilidade de conflito quando Lula entrava em uma mesa de negociação – diz Moraes.

A Força, entretanto, surgiu de uma linha de sindicatos mais conservadores e dispostos a negociar com o setor patronal.




Fonte: Zero Hora