A importância da comunicação e como combater seu lado perverso


A trajetória da formação política dos trabalhadores em diferentes tempos e espaços veem nos mostrando a necessidade de informação e conhecimento para que ocorra uma melhor organização da classe trabalhadora.

No Brasil e no mundo, principalmente em países europeus, a imprensa operária sempre teve um papel marcante e fundamental na história das lutas da classe trabalhadora, principalmente durante a revolução industrial em meados do século XIX, quando o proletariado se levantou contra as jornadas abusivas de trabalho, a exploração infantil, das mulheres e a favor de folgas semanais e da instituição de um salário mínimo.

E esta visão socialista foi inspirada no líder da revolução Russa, Vladimir Ilyich Ulyanov (Lênin), que tinha a imprensa do partido como o meio para fazer luta de classes e disputar a hegemonia com a classe dominante.

Na segunda metade do século XX, Paulo Freire afirmou que a comunicação constrói o conhecimento humano e dela resulta um processo formativo com uma concepção de educação considerada, por ele, como verdadeira educação, por ser libertadora e com dimensão política consolidada pela conscientização crítica da realidade.

A comunicação tem se mostrado eficaz e necessária no movimento de luta dos trabalhadores e importante para incentivar a classe operária a se organizar e se mobilizar na luta por melhores condições de trabalho.

Porém a maneira de se comunicar foi evoluindo, passaram da voz alta da mesa no refeitório para falar com os trabalhadores e trabalhadoras para o auto falante, posteriormente panfletos, jornais e revistas, alcançando em seguida o rádio e a televisão, para enfim chegarmos até a comunicação digital.

Trazendo toda esta reflexão para o momento atual, diante das crises sanitária, econômica e social potencializadas com a pandemia do novo coronavírus e as ações do governo federal extremamente capitalistas e genocidas em relação aos menos favorecidos, a comunicação com os seus grandes avanços tecnológicos, através das redes sociais e mídias digitais, torna-se a maior aliada da humanidade na prevenção e combate ao vírus e também para a disputa política da sociedade.

Porém é preciso atenção e cuidado com o lado perverso da comunicação, hoje conhecido como FAKE NEWS (notícias falsas), que sempre existiram, mas nos tempos atuais são muito usadas como distribuição deliberada de desinformação através das mídias sociais, principalmente o Whatsapp, que é o aplicativo mais comum usado pela população.

Nas eleições dos EUA, várias notícias falsas no Facebook tiveram mais alcance do que as principais histórias eleitorais de dezenove grandes frentes de notícias como os tradicionais jornais "News York Times " “Washington Post" e a "NBC News".

No Brasil foi ainda pior, uma "máquina de propagandas falsas" trabalhou para difundir informações fabricadas contra o principal adversário de Bolsonaro, o então ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT) e vimos a desinformação desmoralizá-lo e vencê-lo.

Considerada pela ONU como "mais mortais que qualquer outra desinformação”, a Fake News na pandemia é o pior pesadelo que estamos vivendo atualmente e que está alcançando o mais alto nível da PERVERSIDADE.

Desde a identificação da doença na cidade de Wuhan, Província de Hubei, República Popular da China, um processo de desinformação de forma generalizada tomou conta do mundo, abrangendo desde conselhos e orientações prejudiciais à saúde até ferozes teorias de conspiração, culpando as redes 5G, responsabilizando fabricantes de armas químicas, outras relacionadas aos sintomas, diagnósticos e tratamentos do vírus, estatísticas falsas, os impactos na sociedade, no meio ambiente e nas relações de trabalho.

Estas e mais uma enxurrada de notícias falsas divulgadas através de campanhas orquestradas pelos grandes empresários, endossadas pelas políticas irresponsáveis e suicidas de um governo fascista e defendidas pela burguesia escravagista, estão aterrorizando e empurrando a população em direção ao maior processo genocida da história deste país, desde sua invasão no ano de 1500.

Neste contexto, chamo a atenção para importância do uso dos meios de comunicação, como ferramentas para organização e realização dos movimentos de militância, resistência e protesto, como forma de informar e estimular o senso crítico mantendo preservação da integridade física das pessoas. Sem deixar de levar em consideração que parte da população possui acesso limitado a essas ferramentas digitais. Para isso, precisamos criar alternativas que facilitem este acesso e incluir a sociedade brasileira cada vez mais no mundo digital.

Outro grande desafio, é o de conscientização sobre a importância da informação confiável e segura. Pesquisas do mundo inteiro, comprovam que uma grande parcela dos usuários das redes sociais não consegue identificar as notícias falsas. Para isso precisamos criar mecanismos que orientem os usuários a utilizar as tecnologias e redes sociais de forma responsável e segura, evitando principalmente a disseminação de fake news.

Como saber sobre a veracidade das informações

A veracidade de uma notícia pode ser confirmada através agências de checagem e também através de cuidados como: não ler só o título, já que uma das estratégias mais utilizadas pelos criadores de conteúdos falsos, principalmente na internet é apelar para títulos bombásticos e sensacionalistas.

Ler todo o texto antes de compartilhar, verificar se o autor é conhecido, conhecer a página onde a notícia foi publicada, localizar o responsável pelo site e se puder entrar em contato com ele.

Observar a gramática e ortografia do texto também é importante, pois os jornalistas prezam pelo bom vocabulário e o uso correto das normas gramaticais. Tomar cuidado com notícias sensacionalistas, levando em consideração que as fake news tendem à conter palavras que despertam emoções fortes, como raiva, dor e também costumam mexer com as crenças das pessoas. Antes de compartilhar é preciso dominar os sentimentos e confirmar a veracidade.

Com a comunicação fortalecida e o combate a fake News acirrado, continuaremos ocupando todos espaços possíveis, através de estratégias bem traçadas e cumpriremos nosso papel na sua essência: "EM DEFESA DO DIREITO À VIDA, DO DIREITO À RENDA, DO DIREITO AO EMPREGO E DO DIREITO À DEMOCRACIA".

 

Heraldo Silva Ferreira é Secretário de comunicação da CNM (Confederação Nacional dos Metalúrgicos), secretário-geral da FEM (Federação Estadual dos Metalúrgicos de Minas Gerais) e diretor do sindicato dos metalúrgicos de Belo Horizonte/Contagem

 

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